7:00 da manhã. O despertador do celular toca. Chevelle - Panic Prone. Ela, relutantemente se levanta, veste-se, dá um beijo de despedida nele e sai pra trabalhar. Não reparou no que ela vestia, seus olhos estavam mais fechados do que abertos.
Ele, uma hora depois, se levanta, veste o jeans azul, e a jaqueta de nylon cinza e azul por cima do blusão de lã que já vestia, dá comida para o gato dela, sai de casa, tranca a porta e vai em direção a parada de ônibus.
A manhã estava fria e a neblina era densa, apesar do horário. Não se via nada a 20 metros de distância, mas o sol brilhava forte, o que mostrava que seria um bom dia.
Distando um quarteirão da parada de ônibus, ele escuta o ônibus se aproximando e corre para não perdê-lo. "Só falta não ser o ônibus certo..." pensou.
Leu o letreiro do ônibus "T03 - Trevo". Nenhuma placa indicativa. "Com certeza vai até a estação de integração do trevo" concluiu mentalmente. Fez sinal para o ônibus e entrou.
O ônibus estava quase lotado, mas dispunha de alguns acentos livres. Como iria descer em breve, escolheu um próximo a porta de desembarque.
Contribuindo a sua dedução em relação ao destino do ônibus, um outro passageiro, vestindo calça jeans azul, botinas pretas desbotadas e uma jaqueta de nylon azul escuro com faixas branco-acinzentadas nos cotovelos, daquelas que reluzem com a incidência de luz, perguntou ao motorista se o ônibus iria em direção a barra. O mesmo disse que não, então, o homem pagou a passagem, escolheu um acento livre e a curta viagem seguiu tranquila.
Chegando próximo ao viaduto em forma de um trevo - daí o nome do destino do ônibus - Ele e o outro cara - o homem que perguntara sobre o destino do ônibus - se surpreenderam com o rumo que o ônibus tomou. Ao invés de seguir reto, sobre o viaduto, o ônibus tomou o desvio a direita, que leva ao distrito da Barra, o mesmo que o outro cara havia perguntado sobre e o motorista negado como sendo o destino.
Ele amaldiçoa silenciosamente a falta de sorte e dá o sinal para descer. O ônibus pára na próxima parada e Ele desce. observa o caminho que terá de percorrer a pé. Calcula uns 10 minutos de caminhada. Não é longe, porém, terá que atravessar uma rodovia com alto fluxo de caminhões a mais de 80km por hora e sem uma calçada, acostamento, passeio o que for decente. Variando caminhar pela própria pista e as vezes pela grama molhada pelo orvalho. Dá de ombros e começa a caminhada.
- FILHO DUMA PUTA! - escuta atrás de si. Ele se vira para conferir quem é ou o que acontecia.
Era o outro cara, praguejando.
- Cara, eu perguntei pro corno do motorista se ia pela Barra e ele disse que não! - Continuou o outro cara. - Pegasse ele te disse isso também?
- Não, não... Eu vi o letreiro "Trevo" e imaginei que ele ia até a integração pelo menos.
- Pois é, não tinha placa nenhuma indicando nada naquela merda... Porra! vou me atrasar... combinei com o meu chefe as 8:30 no pórtico! - Esbravejava.
- Que horas são?
- 8:08
- Acho que ainda vai dar, não te preocupa.
- Onde é a parada mais próxima?
- É ali na integração... vamos ter que atravessar essa bosta primeiro...
- É o jeito...
E começaram a caminhar.
- Porra, e eu já tinha me atrasado antes porque cheguei na parada e vi que tinha esquecido do cartão com as passagens. E agora esse pau no cu me diz que não vai pra um lugar e acaba indo!!
- É foda, já perdi as contas das vezes que dou falta do cartão na hora de subir no ônibus.
- Que merda.
Seguiram caminhando. Chegaram na pista que dá acesso a rodovia da qual o ônibus tinha desviado e ido para o lugar que não devia - ou devia, dependendo da interpretação ou ponto de vista. Ele observou que o transito estava trancado e falou ao outro cara.
- Mas do que que trancou? - O outro cara olhou o relógio.
- Não sei... - Ele começou a observar. Viu que tinha um enorme caminhão atravessado no meio da pista e que não conseguia manobrar devido ao seu tamanho. Ele apontou para o caminhão, mostrando ao outro cara o motivo do pequeno engarrafamento.
- Mas o que diabos aquele imbecil quer fazer??? Será que quebrou ali? - o caminhão começou a dar ré - Não... acho que ele só ta conseguindo dar ré - "Acho que não é bem isso..." pensou Ele. O caminhão agora tentava ir para a frente. O outro cara consultava mais uma vez o relógio. Nada - Mas o que ele quer fazer? - Repetiu para si mesmo o outro cara. Então, o caminhão começou a dar ré, até livrar a pista. Nesse momento os dois já estavam próximos do mesmo. O caminhão parou e os dois passaram pelo lado direito do mesmo e pela grama molhada. Ele sentiu o tênis molhando e praguejou em silêncio. - Mas o que ele ta querendo fazer... - Pensou alto o outro cara.
- Não faço a menor ideia.
Seguiram andando. Agora faltava pouco mais de 20 metros para a parada.
- Puta merda... - praguejou novamente o outro cara e depois olhou o relógio - Tinham três ônibus parados em cima do viaduto... se eu tivesse corrido até eles, eles talvez deixassem eu entrar... - E lá se iam os ônibus.
- Porra! É verdade. - Concordou.
- Merda...
Continuaram caminhando.
- Cara, eu vou dar uma corrida até a parada. - o outro cara falou assim que olhou para trás, viu um ônibus descendo o viaduto e olhando o relógio pela enésima vez - A gente se fala. - E saiu correndo.
- Falou.
Assim que o outro cara se distanciou uns 5 metros, lá vinha o ônibus que Ele esperava. "puta que me pariu..." pensou. Não havia o que se fazer. O ônibus passava com velocidade e o transito era impossível de atravessar sem ser atropelado pelo menos duas vezes. Fora que não era garantido que o ônibus o pegasse ali, já que não era ponto. Seguiu caminhando e o ônibus sumindo em direção ao seu destino.
Chegou na parada, agora tinha a pior parte: atravessar a rodovia. Uma enorme tripa de carros de um lado e do outro também. Não só carros, mas ônibus, caminhões, vans...
1 minuto depois, conseguiu uma brecha e atravessou.
Chegou na parada, finalmente. Consultou o relógio: 8:20. "Demorou mais do que eu pensava pra chegar aqui" pensou. Olhou ao redor. Cerca de 15 pessoas na parada. jovens, adolescentes, velhos Cada um com seu destino e suas vidas. Viu que uma guria ruiva tinha uma bela bunda. Legal.
Os ônibus começaram a chegar. "Parque Marinha", "Quinta"... Não era nenhum desses... Pessoas subiram, outras desceram. "Parque São Pedro" "Tá de sacanagem com a minha cara! Acabei de vir daí...". Passou direto.
Esperou mais uns cinco minutos, talvez. "P09 - Cassino". "Aleluia!". Fez sinal. O ônibus parou. mais da metade das pessoas subiram, inclusive a ruiva bunduda. Ônibus lotado, teve que ficar de pé. assim como a maioria que entrou.
A viagem foi tranquila. Chegando no Cassino, umas 7 pessoas se levantaram para descer na mesma parada. Mas todo mundo pensou que o outro tinha dado sinal, então, todos desceram na parada errada. Praguejavam, mas riam ao mesmo tempo "Que bando de abobado" um dos que perderam a parada dizia e todos riam. duas paradas depois, Ele desceu e foi a pé até em casa. Não tinha pressa e chegou em casa tranquilamente.
Já o outro cara