quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A jornada

          Vindo de Portugal, o Marechal Peixoto repousa na estância dos Aquidaban. Após grande festa, o dever o chama. Uma mensagem, de que o inimigo da orda, a milícia local estava agindo, chega a galope pelo Major Carlos Pinto.
            A mensagem dizia “Xavier Ferreira deve cair”. O Marechal, então, reúne suas tropas e marcha em direção onde Xavier está. Primeiro, era preciso Passar por seu general, Netto. E assim o fez. Atravessou-o com sua espada e finalmente chegou a Xavier Ferreira, conquistando, finalmente seu território.
            Netto, ferido, rastejou até seu compatriota e amigo de armas, o Brigadeiro Silva Paes, tombando inconsciente. Com medo de que as tropas do Marechal haviam o seguido, Silva Paes desce a galope a toda velocidade até chegar ao seu amigo e general, Vitorino.
            Vitorino se prontifica para cobrir a retaguarda, enquanto Silva Paes leva Netto a um famoso e conhecido médico que poderia facilmente tratar de seus ferimentos. Este se chamava Doutor Nascimento.
            Correndo contra o tempo, Silva Paes dispara em direção a Nascimento. Após algum tempo, finalmente chega a casa do médico, que o recebe de bom grado. Sem cerimônia, Nascimento trata das feridas de Netto, que, após uma semana, estava novo em folha. Netto ficou muito contente, mas não tinha dinheiro para recompensar o bom homem. Então, pediu que Nascimento o acompanhasse até a morada de um barão, o qual lhe devia um favor. Nascimento aceitou e acompanhou-o. Silva Paes disse que voltaria a seu posto na resistência, desejou sorte ao amigo general e ao bom médico e, em fim, partiu.
            Na estância do Barão, conhecido como Barão de Cotegipe, Netto e Nascimento ficaram por uma semana. “Tanto tempo?” me perguntam. Sim, pois o Barão tinha um problema com uma epidemia em sua estância e o médico tratou de curar os enfermos. Eternamente grato pela ajuda do bom médico, o Barão afirmou que levaria o médico para conhecer o Presidente. Nascimento foi pego de surpresa. Não sabia como reagir. Netto sorriu para o amigo médico e disse que era uma boa idéia. Quem sabe até, poderia se tornar o médico pessoal do Presidente? Nascimento concordou e os três, Nascimento, Netto e Barão, foram ao encontro do Presidente.
            “O caminho é perigoso até o presidente, devemos pedir ajuda ao vice-almirante Abreu.” Disse o Barão. Netto concordou e seria uma boa oportunidade de reencontrar um velho companheiro. Após duas semanas de cavalgada, os três encontraram o acampamento do Vice-Almirante, cujo qual, ao avistar os dois amigos, perguntou quem era o desconhecido. “Doutor Nascimento, o salvador de minha existência” disse Netto. Após explicar o sucedido, Abreu afirmou que ajudaria na empreitada, mas já era tarde para partir e logo escureceria. Ofereceu que ficassem no acampamento e brindou o reencontro com os amigos com vinho e mulheres.
            Ao amanhecer, Netto, Barão, Nascimento, Abreu e alguns comandados, partiram em direção a morada do Presidente.
            Ao meio dia, foram emboscados por um traidor do Presidente, o Senador Corrêa. As tropas se enfrentaram, mas as do Senador não foram páreas para Abreu e seus comandados. “Vamos precisar chegar a estância dos Macedo o mais rápido possível, a muitos homens feridos, e, dessa forma, Nascimento poderá tratá-los de forma mais apropriada.” Disse o Vice-Almirante. Todos concordaram e então, dispararam em direção a estância.
            Dois dias e alguns mortos depois, chegaram à estância dos Macedo. Francisco Buarque de Macedo reconheceu o Vice-Almirante e, vendo a situação, logo ofereceu abrigo ao homem e seus amigos e comandados. Nascimento tratou os sobreviventes e aconselhou Barão e Netto que era necessária mais uma semana de repouso. Concordaram com um aceno de cabeça. Abreu escolheu seu melhor homem e escreveu uma mensagem ao Presidente, dizendo que chegariam em duas semanas e que enfrentaram uma dura batalha contra um traidor, o Senador Corrêa, na data de 24 de maio. O soldado preparou o cavalo e os suprimentos e partiu.
            Após o repouso de uma semana, os homens se reequiparam e adquiriram suprimentos na estância. Francisco ofereceu alguns escravos para auxiliar na empreitada, oferta aceita pelos homens.
            Próximo ao final do prazo, descrito na mensagem, os homens finalmente chegaram no palácio do Presidente. Seu nome é Vargas. O presidente perguntou o porquê de tanto se arriscarem na longa jornada. Então, o Barão apresentou Nascimento ao presidente e, junto de Netto e Abreu, explicaram toda a situação e os motivos da jornada. O presidente, maravilhado pela história, convidou Nascimento para ser um de seus médicos, e, com o tempo, quem sabe, se tornar o médico pessoal dele.
            Passaram-se alguns dias, e, então, os homens decidiram retornar a seus postos. Netto voltaria para combater o terrível Marechal, junto de Abreu, Silva Paes e Vitorino, Barão, regressaria para sua Estância, mas devolveria os escravos de Macedo na passada.
            Alguns meses depois, soube-se que Netto e os outros derrotaram o Marechal e vingariam a morte de Xavier Ferreira, na batalha que seria conhecida como “A batalha de Riachuelo” pelas gerações futuras. A estância do Barão de Cotegipe prosperou e, por fim, Nascimento, ao conhecer Santos Dumont, viajou com o Presidente Vargas para Itália, como seu médico pessoal.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O "Cara" - Capítulo 5

            Três batidas ritimadas na porta.
            - Entre.
            - Doutora Lúcia? – Um rapaz bastante jovem, na casa dos 20 anos, falou colocando meio corpo para dentro da sala.
            - Pois não, Mauro?
            - Eu presenciei um caso estranho hoje pela manhã.
            Lúcia riu. Respirou fundo e, com um leve sarcasmo, tentando não ofender o estagiário recém chegado, falou:
            - É natural presenciarmos casos estranhos nesse estabelecimento, Mauro. – E deu um sorriso gentil para o jovem não se ofender.
            - É verdade, senhora. – Ele retribuiu, sentiu-se mais a vontade e entrou na sala. – Desculpe, me expressei mal. Bom, acredito que não seja normal, dentro dos padrões do estabelecimento, que um novo sintoma se manifeste depois de um bom tempo da entrada de um paciente que esteja sendo devidamente tratado.
            - Como assim, Mauro? – Lúcia se surpreendeu. – Seja específico, por favor.
            - Claro. – Ele sorriu e se aproximou da mesa do escritório da Doutora Lúcia. – Posso? – Perguntou apontado para uma das duas poltronas de couro preto que ficavam a frente da mesa.
            - Oh, perdoe a minha falta de atenção. Claro, sinta-se a vontade.
            - Obrigado. – Disse o jovem sentando-se. – É o seguinte, eu passei pelo dormitório do paciente 231 e ouvi ele falando sozinho.
            - 231... – Disse ela enquanto procurava o arquivo dentro de uma gaveta. – Oh, lembrei quem é...
            - Sim, ele mesmo.
            - Já conhece a fama?
            - Advertiram-me para não me aproximar.
            - Sabias palavras. – Ela se inclinou na mesa. – Mas como assim falando sozinho?
            - Ele dizia algo sobre suspeitar que o trabalho não havia terminado ainda. Imaginei que ele tivesse ouvido eu me aproximando e pensado que era algum médico ou enfermeiro, mas, então ele disse um nome. Eu sei que sou novo aqui, mas sei que não há ninguém com esse nome nessa ala.
            - Que nome, Mauro?
            - Ele conversava com alguém chamado Thiago, mas estava sozinho na cela.
            - O QUE?! – Lúcia gritou e Mauro se assustou, dando um pulo na poltrona. – Desculpe, Mauro, mas não é possível!
            - Achei estranho aquilo, então procurei informações sobre o diagnostico dele, e não constava esse sintoma.
            - Sim, não consta. Eu que fiz o diagnóstico.
            - Não duvido de sua capacidade, Doutora Lúcia, mas será que...
            - Preciso averiguar isso. – Interrompeu. Fez-se um silencio na sala, de certa forma, constrangedor, por cerca de um minuto. – Desculpa, Mauro, muito obrigado pela informação.
            - De nada.
            Lúcia pegou o telefone e discou o zero e depois 1834.
            - Segurança. – Uma voz masculina soou.
            - Aqui é a Doutora Lúcia, quero que enviem o Maicon para o dormitório do paciente 231.
            - Maicon está de folga hoje, Doutora Lúcia.
            - Como “folga hoje”? – Um tom mais enérgico lhe escapou.
            - Tivemos que dispensá-lo. O homem fervia em 39 de febre. O Amaury está a disposição, Doutora.
            - Certo... Não tenho opção. Envie-o.
            - Agora mesmo, Doutora.
            - Obrigada. – E desligou o telefone.
            Lúcia passou o tempo todo até chegar ao dormitório do Cara pensando no que acabara de ouvir. Será que não detectou um sintoma? Um sintoma tão fácil de detectar! Deve haver uma explicação lógica para isso.
            Assim que chegou perto do dormitório, Amaury, vinha andando as pressas no fim do corredor. Amaury é afro e tem o cabelo raspado. É pouco menor que o Maicon, mas daria conta do recado, imaginou.
            - Boa tarde, Doutora Lúcia. – Disse o segurança.
            - Boa tarde. – Ela sorriu e ele retribuiu.
            - Com licença. – Ele disse pegando o molho de chaves e procurando a correta. Encontrou. Aproximou-se da porta e bateu três vezes de forma nada gentil.
            - Cara, levante-se e ponha as duas mãos em cima da mesinha ao lado da cama. Doutora Lúcia e eu vamos entrar. Não tente nenhuma gracinha.
            - Sem problemas!  - Ele respondeu.
            Amaury contou cinco segundos mentalmente e abriu a porta. Olhou para dentro e lá estava o sujeito com as mãos na mesa.
            - Ué, o que aconteceu com o outro armário simpático?
            - Folga. – Disse a doutora.
            - Mas é uma pena... E o que trás a sua adorável presença no meu humilde aposento, doutora?
            - Quem é Thiago, Cara?
            - Ãhm? Ah, o Thiago, já contei. É meu amigo que foi morto pelo José, esqueceu?
            Lúcia se aproximou.
            - Um estagiário te ouviu conversando aqui com o Thiago.
            - É muito chato ficar aqui sozinho sem fazer nada, então, eu me distraio como se estivesse conversando com alguém, doutora.
            - Qual o nome completo dele?
            - Qual a importância?
            - Qual é o nome completo dele, Cara?
            - Thiago Ávila Pouzada.
            - Obrigada.
            - O que vai fazer? Procurar pra ver se existe? Acha que estou louco?
            Lúcia olhou nos seus olhos e ele então percebeu.
            - Claro. Claro que acha. Não acreditas em uma maldita palavra do que eu disse até agora.
            - Me desculpa, Cara, mas muitos aqui me perguntam a mesma coisa e até hoje 100% estavam.
            - Eu sou é louco por você, Lúcia.
            Foi um baque. Ela não esperava por isso.
            - Não seja ridículo, Cara.
            - Falo tão sério como sempre falei. – E se aproximou da mulher.
            - Hey! Para trás! – Amaury encostou a ponta do cacetete e empurrou o cara, sem desencostar a arma do peito dele. O movimento brusco fez o molho de chaves balançar fazendo o barulho característico.
            - Isso é arriscado. – Cara apontou para as chaves presas ao cinto do segurança. Amaury olhou, então, aproveitando o segundo de desatenção, Cara, girou o torso para a direita, se desvencilhando do cacetete, e pegando o mesmo com a mão esquerda. Com a direita, desferiu um soco potente com as costas da mão no nariz do segurança, que recuou soltando o cacetete. Lúcia se sobressaltou e não sabia o que fazer, quando pensou em gritar, Cara acertou com o cabo do cacetete no diafragma da mulher, que, perdendo as forças, foi caindo ao chão. Amaury foi em direção a ele na intenção de agarrar suas pernas e derrubá-lo. Cara se esquivou e na hora que o segurança se abaixou, Cara desferiu um forte golpe na nuca do homem, jogando-o desacordado no chão. Olhou para o Lado e Lúcia estava caída sentada no canto sudeste da sala. Ofegante e sem forças nem para gritar, devido a pancada no diafragma, Cara se aproximou.
            - Desculpe, meu bem, mas isso foi necessário.
            Lúcia tentava respirar mas o ar não vinha aos pulmões.
            - E isso, é só para garantir, mas me desculpe, novamente. – Então, ele deu uma pancada na nuca. Fez com cuidado para não causar nenhuma lesão, apenas para desmaiá-la. Colocou-a na cama e beijou seus lábios, foi em direção a porta e colocou o rosto para fora, na intenção de descobrir se algum segurança estava por perto. Por sorte, nenhum a vista. Pegou as chaves do cinto do Amaury, fechou a porta rapidamente e trancou-a.

            Alisson caminhava rabiscando uma ficha de uma ninfomaníaca esquizofrênica que acabara de atender. Tentava se concentrar, mas era difícil depois de tudo que a ruiva doida – gostosa e sedutora, porém doida – havia lhe dito. Chegava a se arrepiar só de pensar em tudo o que ela havia lhe proposto. Estava tão fora de si que nem percebeu o que havia lhe atingindo, fazendo seus óculos voarem uns três metros apara trás, divididos em 6 pedaços. Escutou somente um “crack” em seu nariz, assim que dobrou a direita em um corredor. Logo em seguida tudo ficou escuro.

            Por sorte, o jaleco do médico estava aberto e não manchou de sangue. Cara tirou o traje do homem e vestiu. Era pequeno, mas serviria. Olhou em volta e não viu nenhum segurança. Ainda. Pois vi que havia uma câmera vigiando-o. Precisava pensar rápido. Levantou com rapidez e as chaves em seu bolso pesaram. Teve uma idéia. Catou as chaves do bolso. Identificadas. Sorriu. Era hoje que sairia dali. Olhou em volta. Quatro portas. 251, 252, 253 e 254. Buscou rapidamente as chaves e abriu as portas. Quatro pessoas saíram. Uma de cada dormitório.
            - LIBERDADE! – Gritou, e os quatro gritaram juntos e saíram correndo um para cada lado.
            A sua volta havia outras quatro portas. Pegou as chaves e abriu-as. Pouco depois, dois seguranças corriam em sua direção, vindos do corredor a norte. Examinou-os. Magros, comparados com Maicon e Amaury. Sorriu e correu em direção a eles. Arremessou o cacetete no da esquerda, acertando em cheio na sua cara. O outro pulou em direção a sua cintura e ele pulou sobre o segurança, fazendo-o passar por baixo. Deu uma cambalhota, assim que ia tocar o chão,  pegou o cacetete e correu. Mais dois corredores e estaria livre. Olhou para trás, o segurança corria em sua direção. Dobrou a direita olhando para as portas, viu a seqüência 32 nos números. Diminuiu o passo enquanto procurava alguma chave. Encontrou a do 327 e abriu-a. Fez o mesmo com 328, 329 e 330. Continuou gritando “Liberdade”, para atiçar os recém libertos, enquanto corria para a sua liberdade. Dobrou a esquerda no próximo corredor. Havia um médico e outros dois seguranças, porém, estavam longe. Sorte. Abriu outras duas portas e os seguranças correram em sua direção. Viu que o médico carregava uma seringa. Abriu outra porta e mais um paciente estava liberto. Esse paciente, ao contrário dos demais, que corriam em direção oposta aos seguranças, correu de encontro a eles, enquanto gritava “RUGBY!”. Pulou para cima do segurança que ficava a direita. Cara riu da situação, e foi em direção ao da esquerda. Tentou a mesma estratégia e arremessou o cacetete. O homem desviou e pulou em sua cintura, derrubando-o. Irritado, começou a golpear o rosto do segurança com fortes socos. Ele cedeu um pouco, então conseguiu levantar. O médico quase gravou a seringa em seu braço. Por reflexo, Cara segurou o pulso do médico e torceu-o, fazendo um estralo característico de ossos quebrando. Grito e seringa ao chão. Cara pegou a seringa e colocou no bolso do peito do jaleco. Pegou a cacetete e correu em direção ao fim do corredor, que dobrava para a esquerda.
            Finalmente a porta dupla com o vidro blindado. Saída. Correu. Chegou perto da porta e viu o saguão da entrada com quatro seguranças. Um deles muito grande por sinal. Destrancou a porta e, assim que o fez, os seguranças já voaram em sua direção. Com o cacetete, o primeiro que passou, um loiro baixo, foi golpeado na orelha. Cambaleou e caiu próximo da janela a direita do corredor. Em seguida, um rapaz com cara de índio seguido de um careca e um afro passaram pela porta. Cara correu o mais rápido que pôde para trás, então, virou-se e parou. Os homens correram atrás dele, mas não conseguiram acompanhar. O primeiro que chegou perto foi o careca, que pulou numa voadora. Cara esquivou para o lado e acertou com o cacetete a boca do sujeito. Com a força que o homem vinha, ele não conseguiu segurar a arma fazendo-o soltá-la. O índio veio em seguida. Cara esquivou, fazendo com que o homem ficasse com o tronco às suas costas, então, com o cotovelo esquerdo, acertou-lhe o nariz. Quando Cara virou para pegar o afro, era tarde e ele havia o derrubado já. O afro era muito forte e estava conseguindo vencer a disputa de forçar. Cara não o deixara golpear o rosto, segurando suas duas mãos. O homem conseguiu soltar uma e passou a apertar o pescoço do fugitivo. Cara então foi com a mão livre até o bolso do jaleco e cravou a seringa onde conseguiu. Não viu. Apenas cravou e apertou. Três segundos depois, as forças do homem se esvaeceram e ele tombou. Cara saiu de baixo e correu. Correu como a muito tempo não corria. Correu para a liberdade e para resolver assuntos inacabados.

Dedicado ao co-autor e grande amigo, Thiago Ávila Pouzada

Novos Autores!

            Sinto-me lisonjeado por ser convidado por Rody Caceres para me juntar a militância dos novos autores da cidade de Rio Grande. Ainda engatinho nessa vida de escritor – diria que nem engatinhar eu engatinho, sou novo de mais pra isso ainda – por tanto, fico surpreso pelo convite. Para isto, ele me pediu para escrever um pouco sobre alguns tópicos, então, aí vai.

Literatura
            Uma matéria de colégio. Brincando, mas falando sério ao mesmo tempo, acho que é o que melhor define esse conceito para mim. Literatura é tudo o que vemos no colégio, como a poesia, prosa, contos e histórias. É a arte de se contar algo para alguém através da linguagem escrita. Assim como na música, a literatura possui estilos diferentes e formas diferentes de escrever. Tem semelhança também com as revoluções dentro da música e da literatura, por exemplo, o movimento punk – tocar com 4 acordes e olhe lá – se assemelha pra mim ao movimento de liberdade literária, onde não importavam as formas e nem as regras da língua culta. Por tanto, literatura é uma forma de arte como qualquer outra, mas que aborda a imaginação e sentimento do “destinatário” de outra forma.

Influências
            Definitivamente eu não sou influenciado pelos clássicos. Na verdade eu nunca gostei de ler os clássicos. Algo mais próximo dos clássicos que eu gostei foi Luís Fernando Veríssimo com seu “Analista de Bagé”. Se considerarem Stephen King como um clássico... Acho que não, né?
            Minhas influências principais são Hugh Laurie e André Vianco para as histórias longas, para as mais curtas, seriam o Luís Fernando Veríssimo, David Coimbra e também o André Vianco. Cherry Cheva – roteirista de uma família da pesada - também é muito engraçada e gosto de sua forma de escrever.
            Como podem ver, não leio nada clássico, mas o que eu leio, lê os clássicos, então, acabo sendo influenciado no rebote.

Perspectivas Literárias
            Minha resposta vale tanto pelo eu-leitor e o eu-autor.
            Algo que preso imensamente é a criatividade. Antes de qualquer coisa o autor deve ser criativo. Um autor pode ser criativo, mas não ser necessariamente original. Entenda, alguém criativo pode pegar uma série de clichês e transformar a história em algo interessante, mesmo usando de clichês, mas usando-os com sabedoria e nos momentos certos. Momentos certos e não momentos onde todo mundo imagina onde ele colocará o maldito clichê. Importo-me com o como a história é contada. Por exemplo, Crepúsculo. Eu odiei a história no geral. Romancezinho mela cueca ao maior estilo romantismo do século XVII (eu acho que é essa época), onde o protagonista tem que se apaixonar pela mulher idealizada e no momento que ele a tem ela deixou de ser pura e ideal e blábláblá. Tudo desculpa pra camuflar insegurança, falta de confiança e... Bom... A puberdade. Mas ela soube contar uma história ali. Tanto que ela virou best seller e tem uma série de filmes baseadas nos seus livros. E é disso que eu falo.
            O problema da originalidade tem como exemplo, novamente, o Crepúsculo. Vampiro que brilha no sol? Original. Bom? Cabe a você decidir.

Novos Autores
            Difícil pra eu escrever sobre isso. Não sou um conhecedor de autores. Não tenho uma estante com 1874286714 livros de 249839 autores diferentes. Conheço muito pouco, porque eu prefiro a literatura... Não digo moderna, mas contemporânea – contemporânea a mim, entendem? Então, qualquer autor que eu não conheça, vai ser novo. Eu sou meio virgem nesse mundo e só leio o que muita gente considera porcaria ou “não artístico”. Mas falando de pessoas que fizeram sua estréia recentemente, Hugh Laurie – sim, o House – é alguém para se prestar atenção e os blogueiros de plantão, com ou sem pretenções de se tornarem profissionais.

Blogs
            Não tenho tempo para sair catando blog pela Internet, infelizmente. A maioria dos que eu, por acidente, acabei lendo foram muitos com textos subjetivos, onde as desavenças amorosas são o tema, assim acabam afirmando que homem ou mulher age sempre assim e blábláblá. È compreensível, já que aquela pessoa se envolve com homem ou mulher daquela idade e naquela idade eles acabam tendo as mesmas incertezas e certezas. Esses blogs são como uma válvula de escape. Vi muitos blogs com imagens engraçadas e etc, mas tudo retirado da Internet, nada muito inovador. Vi também alguns blogs informativos, gente opinando nas eleições, militando para esse ou aquele candidato e militantes verdes. Esses foram os mais interessantes, na minha opinião. Mas vejo pouquíssimos blogs de pessoas que escrevem ficção de seu próprio punho. Gente que faça a literatura. Isso é raro. É uma pena. O blog é uma ferramenta poderosa que pode ser usada para divulgar o seu trabalho, mas não vejo muito os escritores que almejam serem profissionais utilizando-a.

E-books
            Como leitor, eu os odeio. Eu odeio ler coisas pela tela do computador. Odeio escutar música pelo computador. Mas o leitor do meu som está danificado, então, é via mp3 mesmo. Voltando aos livros virtuais, acho totalmente sem graça. Tu não pode folhar, tu não poder cheirar, tu não pode sentir. Não tem graça. Seria como fazer sexo com uma mulher que não se pode sentir, cheirar e tocar. Isso tudo sem nem mesmo descascar a banana.
            Como autor, não pesquisei isso ainda, mas acredito que  - como não se usa papel – é uma forma muito mais barata de se publicar um livro, porém, a pirataria torna essa forma de publicação meio sem sentido, se você espera ganhar algum dinheiro com isso. Mas ainda assim, prefiro o livro material.

Editoras
            Editoras são como as gravadoras, no mundo da música. Empresas que visam o lucro e não devem ser crucificadas por isso. Ou alguém aqui vai abrir um boteco e servir chopp na camaradagem pra todo mundo?
            O problema está em editoras que apostam nos novos escritores e nas que não fazem nada em relação – não apóiam e nem apóiam, são indiferentes. A Novo Século – publica André Vianco - tem em seu site um contato para novos autores, onde tu envias o teu livro e eles analisam. Não sei como funciona, mas quando o meu estiver pronto, vou tentar.

Futuro da Literatura
            Como eu já disse, não gosto dos clássicos, mas, é nessas horas que eu olho para o crepúsculo, e olho para o Camões e paro para pensar. Mas não devemos achar que é o fim do mundo. E outra, fodam-se os que fazem algo que tu não aceite. Faça o seu.
            Agora como leitor, a literatura, como qualquer arte, reflete o momento atual do mundo. É triste olhar para o mundo e ver a juventude se vestindo de power rangers – cada um de uma cor - e as bandas se tornando vuvuzelas – coloridas e com som horroroso – com um cabelinho justin bieber como cereja do bolo. Eu já escrevi isso num post anterior, mas basta pensar o que vimos no VMB desse ano com a banda restart sendo vaiada por ganhar um premio que o próprio público escolheu e bandas, quando jovens, como rage against the machine, fazerem um protesto e serem presos por isso. A arte como um todo, pelo menos a que vende, e, conseqüentemente, a que atinge as massas, não está mais representando o que o mundo passa, mas sim, uma moda. Até mesmo a ficção científica não consegue mais “prever” o futuro. Mas, com o tempo, vai mudar. Se for pra melhor ou pra pior, sejamos esperançosos então.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mil desculpas, mas com uma correria na faculdade eu não pude postar o novo capítulo da serie "o Cara". Assim que a poeira baixar, tudo voltará a normalidade.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Saving The Environment

- The global heating is not a simple abstraction of thoughts or a human schizophrenia. – Said the teacher in the classroom, as the clocks aproachs 22 hours. – It is real and we can feel its effects against society. – He gestures with his hands, forming random circles, with his back against the black board. – In some regions of the planet some impacts are noticed with a higher intensity, other less. Here, in Rio Grande do Sul, we suffer for the lack of rain, a said exclusive social/climate problem of the northeast. – Spoke while walking from left to right then from right to left, with energy and bravery, like a militant, every single word. Then, continued. – This problem will not be solved like the shift of a day. It’s a slow process and we must take action immediately. With simple actions we can do our part, like reducing energy expenses at home; More rides of bicycle, thus, beyond preserving our body, we take out a few more cars from the streets; Use more public transportation; For those who have a car and lives far from the college/work, make a ride shift system, where someone gives a ride for a group, then another one gives the ride and thus successively; And for the ones who wishes to buy a car, buy the 1.0 ones, they’re more economics and for that reason they pollute less.

            The sound of a siren echoes through the campus, marking the end of the classes that day in the Federal University of F City.
            The students started to set up their stuff to leave as quickly as possible to not lose the bus ride. Some of them will be on foot inside the bus, because it doesn’t have plenty of sits nor space for every one to sit down. Some will make a 30 minutes trip, other 50 minutes. For the ones who will be on foot, they will have to be able to divide 50cm² with two other person, each.
            The teacher, in turn, set his stuffs up all calm and tranquil, turn the classroom lights off, close and locks the door, go to his own room and check some e-mails. After five minutes, he gets out of his room, crosses a small corridor than turns right, reaching a major corridor. He follows it down, greeting some co-workers with some “good-bye” or “good night”, to some stairs, in which leads to the first floor. He take the stairs, gives the classroom keys to the pavilion’s watchman, go to the parking lot, enter his spacious, comfortable and powerfull Corolla 2.0, and than arrives at home after fifteen minutes of trip.

Notícia/Breaking News

Olhando as estatísticas do blog - e levando em consideração que o endereço do mesmo é em inglês - eu vi que recebi alguns visitantes dos Estados Unidos. Sei que foi apenas coincidência e que eles não estavam querendo de fato ler o meu blog, mas eu pensei "e se quiserem um dia?". Por isso, estou começando a traduzir alguns posts. Perdão pelos prováveis erros de inglês, pois estou muito enferrujado.
É isso, está inaugurada a faixa gringa do blog.

Looking at the statistics of the blog - and considering that its adress is two english words - I saw that there were some guests from the USA. I know that its just a coincidence and that they didn't want to read my blog, but it made me think "What if they want it to read?". Therefore, I'm starting to make some post translations. Pardon me for the possible atrocious english errors. I'm a lot rusted.
So, that's it! the foreing section of the blog is now opened.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Salvação do Rock

            Infelizmente eu não pude ir ao SWU. Grana curta. Muito curta. Então, tive que fazer como muita gente e assistir ao show do Rage Against The Machine pela globo – nem multishow eu tenho.
            Eu não tinha noção do que eu estava perdendo até que o Tom Morello começou a fazer o solo de Testify  pressionando o plug do cabo, que liga na guitarra, na palma da mão. Nesse momento, um arrepio subiu pelas minhas costas indo até a nuca, fazendo os pelos dos meus braços eriçarem e meu coração acelerar. Aí caiu a ficha do que eu estava perdendo. Senti os olhos marejarem por um breve instante, enquanto Zack De La Rocha entoava essa passagem da música, logo após o solo.
Who controls the past now controls the future
Who controls the present now controls the past
Who controls the past now controls the future
Who controls the present now?”
            Não marejaram pela beleza da letra. Marejaram pela alegria e pelo pensamento de quem, apesar da banda não estar mais junta – oficialmente, mas, pelo que parece, Brad Wilk está interessado em uma reunião – continua com a mesma força e coragem e mostrando, com suas letras, de que o rock ainda tem salvação. Basta comparar essa simples divagação em testify com o refrão da banda vencedora do Vídeo Music Awards Brasil, da MTV.
“E hoje sei, sei, sei
Não importa mais
Porque não vai, vai, vai
Voltar atrás
O que restou em mim”
            Ok, certo, são apenas “adolescentes”... Mas na casa dos 18 anos. Esse é o pensamento da juventude de hoje, enquanto o quarteto do Rage, se preocupava com os problemas que seu próprio país causa aos países dos outros e a si mesmo, Restart fala de seus amores não correspondidos e platônicos quando tinham de 14 a 17 anos. E GANHA O MAIOR PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA POR ISSO.
            Apesar de ganhar o prêmio – que a desgraçada da MTV dá por júri popular, com votos via Internet e sem restrição de voto por IP – essa coisa que se diz uma banda de rock, mas que mais parece um conjunto de vuvuzelas – semelhança em cor e som – é vaiada pelo público que teve colhões para ir assistir ao VMB.
            Enquanto isso, na década de 90, os integrantes do Rage Against The Machine, com pouco mais de 20 anos, solicitam uma permissão à bolsa de Wall Street para gravarem o clipe da música “Sleep Now In The Fire” dentro e defronte o prédio da mesma. A permissão é negada e, Zack e seus colegas de banda, vão gravar lá do mesmo jeito. Tudo isso para protestar contra, entre outras coisas, a concentração de renda nos Estados Unidos e no mundo e a ignorância dos próprios americanos quanto aos problemas sociais do país, como o número de pessoas que não tem acesso à saúde.
No final da performance, Zack foi preso e passou a noite na cadeia e foi APLAUDIDO pelo mundo inteiro.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O "Cara" - Capítulo 4

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Matéria retirada do jornal “A Manchete” publicada no dia 4/12/2005

TRAGÉDIA NA CIDADE F! O CASO DO COLÉGIO F
            Na manhã do dia 2 de dezembro, por volta das 10 horas, um massacre ocorreu no Colégio F. Praticamente todo o quadro docente foi assassinado de forma brutal, assim como cerca de 6 (seis) alunos. Após as mortes, o suspeito de cometer os crimes ateou fogo em todo o colégio. Os nomes das vítimas e do suspeito não foram divulgados pela polícia e não há idéia do motivo dos crimes.
            Testemunhas contaram à polícia que o suspeito simplesmente enlouqueceu e partiu para cima de um professor durante uma aula (que não foi divulgada pela polícia), mas o jornal especula que tenha sido uma aula de física.
            Muitos dos alunos presentes no momento que o transtorno iniciou estão em estado de choque. “Tudo aconteceu muito rápido. Quando dei por mim, uma batalha se iniciou. Digo batalha, porque lutavam de igual para igual.” Disse T.P.A, segundo inquérito policial. Peritos dizem que o estresse que esse aluno passou foi grande e que é normal ele fantasiar sobre o evento ocorrido.
            O suspeito continua foragido, mas a polícia garante que está próxima de capturá-lo.

Matéria retirada do jornal “A Manchete” publicada no dia 6/12/2005

PRESO SUSPEITO DO MASSACRE DO COLÉGIO F
            Na madrugada do dia 5, foi preso o suspeito de executar brutalmente 6 alunos e um numero não divulgado de professores do colégio F na última sexta-feira. A polícia ainda não divulgou o nome do rapaz, mas afirma ser um dos estudantes. O menor resistiu à prisão usando de violência, ferindo três policiais gravemente, todos com traumatismo craniano, e um deles ainda perdeu um pouco de massa cefálica, utilizando uma barra de ferro.
            Foram apreendidos na casa onde o menor foi detido a barra de ferro, um taco de madeira com pregos na ponta e uma espada japonesa sem fio. Ele se dizia inocente por estar fazendo um favor a sociedade. “Ele estava totalmente fora de si, agrediu três oficiais gravemente e outros dois que não sofreram nada além de escoriações leves.” Disse um policial.
            Depois de ser detido, o menor foi encaminhado a delegacia de polícia civil e transferido provisoriamente para a penitenciária estadual da cidade F, para que uma possível tentativa de linchamento fosse evitada.

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            - Meu Deus, Cara... O que foi que você fez? Como que chegou a esse ponto? – Lúcia se perguntava ao rever algumas manchetes de jornais.
            Nunca antes tinha encontrado um caso assim. Uma pessoa que consegue dar tantos detalhes em uma história. Mas ao mesmo tempo em que parecem reais, são totalmente absurdas. Já viu e escutou muita coisa em todo o tempo que possui de experiência, mas nunca nada assim.
            Não podia duvidar de que ele era realmente um perigo a sociedade, afinal, ela viu, com os próprios olhos, aquele sujeito de 1,80m e cerca de 90kg surrar dois seguranças que seriam o dobro do tamanho dele, sendo parado somente por um que tinha o triplo do seu tamanho.
            - Dra. Lúcia? – Uma voz de homem soou as suas costas.
            - Sim? – Ela se virou.
            - O rapaz aquele deseja vê-la novamente.
            - Ah, sim, diga a ele que já estou a caminho.
            - Ok, sem problemas. – Fechou a porta da sala dos arquivos e escutavam-se seus passos se distanciando.
            Organizou as reportagens dentro da pasta “Orlando ‘Cara’ Santos”, pegou a ficha e guardou a pasta dentro do armário de arquivos que ficava na parede oposta a da porta, no canto direito e saiu.
            Atravessou alguns corredores, ora dobrando a direita, ora a esquerda e, enfim, chegou ao quarto 212. Não precisava procurar o número, bastava procurar pelo Maicon, o segurança que conseguiu detê-lo da ultima vez, que estava parado ao lado da porta do quarto dele.
            - Preparado pra mais uma, Maicon? – Perguntou a mulher.
            - Sempre que solicitado, senhora Lúcia. – Bateu na porta de metal com violência. – Cara, ta na hora da entrevista.
            - Podem entrar. – Disse ele, lá dentro.
            Maicon abriu a porta e entrou na frente.
            - Por favor, sente-se na cama e ponha as mãos em cima da mesinha ao lado. – Disse o segurança com a mão no cacetete.
            - Sem problemas. Estou sedado também.
            - Boa tarde, Cara.
            - Dona Lúcia, que surpresa agradável! – Falou com entusiasmo.
            - Como surpresa? Tu já sabias que eu viria...
            - Sim, sim. Apenas força do hábito.
            - Oh, tudo bem, então. Podemos começar?
            - Sem problemas. Posso começar de onde eu parei se preferir...
            - Na verdade, Cara, eu gostaria de começar com uma pergunta.
            - Se eu puder responder...
            - Quantos professores tu matastes?
            Ele começou a rir. Gargalhar, na verdade. Então, começou a contar nos dedos.
            - Se não pulei nenhum, ou se não contei nenhum duas vezes, matei dez. – Ela olhou com um certo espanto para ele. – Por que a pergunta, querida Lúcia? Não tem essas informações nos jornais?
            - Na-não... – ainda um pouco abalada – A polícia não divulgou um número oficial e estranhamente muitos familiares não se manifestaram em relação aos entes mortos.
            - Claro, os professores que matei eram demônios. Bestas do inferno. Não tinham familiares.
            - A polícia encontrou, além da barra de ferro, que você usou para resistir a prisão – ele sorriu com a lembrança – outras duas armas. Um taco com pregos na ponta e uma espada japonesa sem fio. Por que tu carregavas essas armas?
            - Tinham armas que funcionavam melhor com cada um deles. Por exemplo, para enfrentar o Humberto, eu precisava usar a espada, mas ela tinha fio. Perdeu o fio de tantas batalhas travadas. Não se vende para menores em lugar nenhum no Brasil uma espada com fio, então, eu tinha que fazer o fio nela, o que não era muito bom, mas quebrava um galho. A barra de ferro funcionava muito bem com o José e o Roberto.
            - Roberto?
            - Não apresentei na história ainda, era um dos professores de matemática.
            - Hum... Podes falar a respeito?
            - Claro, sem problemas.
            Professor Roberto era uma grande alma. Foi disparado o melhor professor de matemática que eu tive. Porém, como todo humano, é suscetível a tentações.
            Em 2004, como eu disse, ele foi um grande professor, porém, em 2005, um grave acidente matou seu sogro e sua sogra. Angelina, sua esposa, ficou muito deprimida, e, um dia, ela apareceu enforcada na sala do apartamento onde ele e ela moravam juntos. Então, ele mudou. Começou a agir que nem um deles. Levava estudantes para sua sala com a desculpa deles tirarem dúvidas e, puf, desapareciam sem deixar vestígios. Acredito que ele usava sua boa credibilidade com os alunos para atrair vítimas para os demais professores.
            Certa vez eu vi ele levando uma guria do primeiro ano para sua sala. Fiquei na espreita, então, eu escutei na sala do José, o grito dele. Tive que correr pra lá e tentar impedir. Nesse dia foi o primeiro e único que eu consegui evitar. Era um colega meu que estava lá. Ele não tinha problema de visão, então, devido à magia do José, ele teve uma seqüela na visão. Ficou conhecido mais tarde como zarolho. Ingrato.
            - Imagino que esse tenha sido um dos seis alunos que você...
            - Exatamente, mas isso é outra história.
            - Certo.
            - Então, depois de arrebentar a cara do José pela enésima vez, eu voltei correndo pra sala do Roberto, e a guria não estava mais lá, mas eu pude escutar uma risada vinda da sala da Rafaela. Corri até lá e consegui ver o corpo da menina caindo sem a cabeça e sem sangue.
            Seu bastão brilhava, acho que era assim que ela re carregava o poder de sua magia, retirando a mente e o fluido vital de suas vítimas. Tentei acertar a bruxa ao arremessar minha barra de ferro, mas ela sumiu bem na minha frente, assim como o corpo da pobre menina, segundos depois.
            Fui até a sala do Roberto e ele estava ali, me encarando, com olhos que eu não reconhecia mais. Ataquei, mas o infeliz sabia se defender. Praticava Tae Kwon Do. Foi uma peleja dura. Depois que ele me desarmou, parti com as mãos nuas para um tudo ou nada. Ele estava meio destreinado, fazia muito tempo que não praticava, então, com sorte eu consegui acertar um soco potente no seu rosto, fazendo ele cair em cima de uma mesa, que se quebrou. Peguei então uma das pernas da mesa e não pensei duas vezes. Comecei a golpear. Primeiro ele conseguiu defender um golpe, mas o segundo eu acertei na canela, quebrando-a, junto com a perna da mesa. Ele rolou de dor no chão, então eu pisoteei a sua cabeça e quando ele começou a se mover menos, peguei a barra de ferro e desferi três golpes na sua cabeça, pondo um fim na história. Até a Rafaela ressuscitar ele e o José assim que eu saí do prédio.
            - Obrigada, Cara.
            - Mas já?
            - Sim, até a próxima.
            - Ok, então. Até.
            - Tchau. – Lúcia pegou o gravador, levantou e saiu, junto com Maicon, que vinha logo em seguida.


            Dedicado ao grande amigo e co-autor, Thiago Ávila Pouzada

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Salvando o meio-ambiente

            - O aquecimento global não é mais um devaneio ou uma esquizofrenia da humanidade. – Dizia o professor, em sala de aula, próximo das dez horas da noite. – Ele é real e já sentimos os efeitos que ele causa na sociedade. – Gesticulava com as mãos, formando círculos aleatórios esporádicos a frente do quadro negro. – Em algumas regiões do planeta são percebidos de forma mais acentuada, em outras, menos. Aqui, no Rio Grande do Sul, sofremos com a estiagem que antes se considerava um problema exclusivo do nordeste. – Falou, andando de um lado para o outro, falando com energia, como um militante, cada palavra. Continuou. – Este problema não se solucionará da noite para o dia. É um processo lento e devemos agir imediatamente. Com pequenos gestos podemos fazer a nossa parte, como racionar energia elétrica em casa; Andarmos mais de bicicletas, assim, além de preservar nosso corpo, tiramos alguns carros de circulação das ruas, assim como usar mais o transporte público, causando também essa redução; Para quem tem carro e mora longe do trabalho/universidade, fazer um sistema de carona onde um dia um leva o grupo, depois outro leva o resto; E para quem planeja comprar um carro, compre carros 1.0, são mais econômicos e poluem menos por esse motivo.
            A sirene da soa indicando o fim de mais um dia de aula na universidade federal da cidade F.
            Os alunos arrumam suas coisas o mais rápido possível para não perderem o ônibus, no qual mais da metade dos presentes em cada sala de aula ficarão sem assento no mesmo, dividindo, toda a viagem, menos de 50 cm² com mais duas pessoas. Alguns farão um trajeto de cerca de 30 minutos outros uma hora. O tempo todo de pé.
            O professor, por sua vez, arruma calmamente suas coisas, apaga a luz da sala de aula, fecha e tranca a porta, vai até a sua sala e checa alguns e-mails. Após cinco minutos, sai da sala, atravessa um pequeno corredor e dobra a direita chegando em um corredor maior. Segue pelo corredor até as escadas, as quais levam ao primeiro andar, passando por alguns de seus colegas e dizendo apenas "Tchau" ou "Até amanhã". Desce, entrega a chave da sala de aula para o porteiro do pavilhão, vai até o estacionamento, entra em seu espaçoso, confortável e potente Corolla 2.0, e chega em casa após quinze minutos de viagem.