sábado, 17 de dezembro de 2011

PROST!

Ao meu redor
o vazio
não o vazio negro
e tenebroso do umbral

o vazio

A leveza
Aliada a um bom coquetel
de "drogas licitas"
o peso no fronte
mas a leveza da alma

Ainda sinto o gosto amargo
e nauseante na boca seca
Mas não provocado pelas depressões
Cujas cicatrizes ainda se fazem
presentes no espírito
que se cura
imediatamente
através da paz
provocada por essa liberdade repentina
A libertação
o fim do inferno
o fim do martírio
o início de uma nova saga
incerta
cheia de encruzilhadas
e possíveis novos infernos

ou não

Não quero pensar sobre isso

Tudo o que proponho
é um brinde
e que venha
a nova ressaca

domingo, 27 de novembro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - O médico pt.4

      Após assistir, divertindo-se, a menina tomar em segundos toda a garrafa d'água, Gabriel perguntou:
      - Qual o seu nome?
      - Sara.
     - Que nome magnífico! - Sara não comentou – Você é linda, minha querida... - Sara voltou a chorar – Ora, não chore... O Que houve? - Sara começou a chorar mais sofridamente. Um choro de profunda tristeza, desespero, angústia, sofrimento e uma pitada de raiva – Diga-me, o que há?
      - COMO O QUE HÁ?! COMO O QUE HÁ?! - Sara gelou. Não acreditava no que tinha feito. Era o seu fim...
      Gabriel começou a rir. Foi aumentando até virar gargalhada.
      - Calma, minha querida... Calma... - Foi se aproximando da menina. S cabelos negros lhe caiam na frente do rosto. - Vou resolver tudo agora mesmo. - Sussurrou em seu ouvido.
      Botou a mordaça na boca da menina, que voltou ao seu choro. Levantou-se e foi à dispensa. Pegou uma faca com doze centímetros de lâminia e um pano.
      A visão da faca foi o gatilho pressionado que disparou seu nível de desespero ao máximo. Estaria berrando para ser ouvida a quilômetros de distância, se não fosse a maldita mordaça. Chorava. A cada passo de Gabriel em sua direção aumentava o volume das lágrimas exponencialmente.
      Gabriel chegou ao lado da banheira e encostou a faca no ombro de Sara.
      - Shhh! Se você se mover, eu vou acabar te cortando, entendeu? Essa faca é muito afiada... - pegou uma pequena mecha de cabelos da menina e passou a faca. Mostrou o punhado de cabelos para ela. - Viu? Agora fica paradinha... - E foi para trás da moreninha.
      Puxou a gola da camiseta dela e passou a faca no tecido.
      - Me desculpe se eu machucar o seu pescoço, não é a minha intenção. É que essas roupas estão atrapalhando.
      O tecido ofereceu uma certa resistência, porque Gabriel não queria machucar a menina, mas na quinta tentativa, ouve-se um “rasg” e as costas da camiseta se rasgam. Gabriel foi para o lado direito de Sara, apoiou as costas da lâmina no braço da menina e começou a forçar contra o tecido. Dessa vez não fez muito esforço e o tecido se rompeu. Já tinha pego a medida certa. Repetiu o processo do outro lado.
       Tirou os restos de tecido do que uma vez fora sua camiseta. Agora, as única peça que cobria a parte de cima de seu corpo era um top para ginástica e seus cabelos.
      Sara, nesse momento, começou a rezar.
      Pedia para que o desgraçado a estuprasse e a deixasse ir embora. Ou que fizesse o que fosse, não se importava mais, mas que a deixasse viva. Tanto faz. Só queria viver. Ir para casa. Não cogitava denunciá-lo. É isso. Daria sua palavra de que não chamaria a polícia. Só queria ir para casa. Diria que fora agredida por lunático, desmaiou e acordora assim em um campo, em um terreno baldio. Casa...
      Casa...
      O tarado foi até seus pés e tirou seus tênis e meias. Ele puxou a barra de suas calças pelos joelhos, para cima, com o intuito de tirar a barra das calças de baixo das cordas que amarravam suas pernas. Começou a cortar a da perna esquerda, pelo lado de fora da perna.
      Sara sentia o frio das costas da lâmina da faca. Sentia o frio da porcelana em suas costas. Rezava mentalmente. Tentava falar, mas a mordaça não deixava. E o lunático parecia não se importar se ela tinha ou não algo a dizer. Não chorava mais. Se surpreendeu. Talvez as lágrimas haviam secado.
      - Temos que nos livrarmos dessas calcinhas e desse top agora. - Gabriel falou, assim que terminou de cortar as calças. Sara sentia um nojo profundo do agressor. Começou a gritar. Nada adiantava, é claro, mas tinha raiva do maldito.
      Gabriel voltou às costas da morena e cortou a alça direita da calcinha rosa. Fez o mesmo pelo outro lado. Já com o top, cortou as duas tiras que formavam um X nas costas, na altura do pescoço e depois cortou a tira mais grossa que prende o top ao corpo na horizontal também pelas costas.
      Tirou todos os restos de roupas de dentro da banheira e jogou-os em direção a dispensa.
      - Você é realmente linda, Sara. Muito, muito, mas muito linda! De verdade! Estou fascinado por você! Isso é privilégio de poucas, sabia? - sussurrou olhando-a nos olhos. - Quero você para mim. Para todo o sempre!
      Então, Gabriel, lentamente, enfiou a faca no abdome da jovem, que gritava, abafada pela mordaça. Repetiu o processo mais duas vezes, dessa vez na coxa direita e depois na panturrilha esquerda. A menina chorava. Se retorcia. Urrava
      - Agora vai passar, meu bem. Vai passar... Shhh... Pegou o pano que a amordaçava e a estrangulou. Assim que desfaleceu, ele continuou com a penetração da lâmina.
       Não contou o número de vezes
      Seu corpo foi encontrado – 2 dias depois - numa vala na estrada que faz a ligação com a cidade vizinha mais próxima. Estava nua e com inúmeras perfurações de quase 3cm de espessura por 12cm de profundidade, espalhadas por todo o corpo, menos rosto, seios e genitália.
      O fazendeiro que a encontrou disse à polícia, em seu depoimento, que na manhã daquele dia, por volta das cinco da manhã, os cachorros não paravam de latir e ele resolveu levantar, com arma em punho, para averiguar o que poderia ser. Sua primeira reação foi um choque, mas ao “cair a ficha” chorou. Voltou correndo para casa, chamou a polícia e rezou... Suplicou, na verdade, para que o... Agressor, pelo menos, tenha a estrangulado antes de fazer as perfurações.
      Não havia sinais de estupro.




FIM





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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - O médico pt.3

    O cabelo da bela morena estava despenteado e preso em um rabo de cavalo. Gabriel, com cuidado, soltou o cabelo da moça e guardou o rabicó no bolso do tapa pó.
    Tirou a luva direita e tocou o rosto da jovem. Liso. Macio. Quente. Suave. Perfeito. Baixou a máscara até o queixo.
    - Hey, menina. Acorde. Acorde... - Gentilmente ele dava alguns tapinhas no lado não escoriado de seu rosto. Não obteve resultado. Se levantou “Ah, se aquele miserável quebrou alguma coisa... Eu juro que mato o infeliz! Eu juro!”, pensava alto. Foi até a bateria e pegou o banquinho. Colocou ao lado da banheira, ajustou-o para ficar um pouco mais alto, sentou-se e tentou acordar a moça novamente.
Dessa vez, Gabriel foi menos gentil. Com a mão direita, empurrou a menina, fazendo-a balançar e repetiu um pouco mais alto os “Acorde's”.
    Agora deu resultado. A menina gemeu e lentamente abriu os olhos. Tentou se mexer. Não conseguia. Arregalou os olhos. Perdida, olhava em todas as direções, mas só conseguia ver a gelada louça branca. Tentou falar, mas com a mordaça em sua boca só se ouvia “mmmff! Humpf!”. Desesperada, começou a chorar. Quando Gabriel a tocou ela estremeceu e ampliou o seu choro acompanhado de um suplício abafado.
    - Calma... Calma... Está tudo bem... Vai ficar tudo bem... Venha... Deixe-me ajudá-la. Vou ajuda-la a se sentar, tudo bem? - Falava com uma voz doce e suave.
    A menina balançava a cabeça como quem disesse “não”. Gabriel não se incomodou com as negativas dela, agarrou-a por baixo dos braços e sentou-a encostada na ponta da banheira.
    - O meu nome é Gabriel. Eu sou médico. Não se preocupe. Aquele brutamontes vai pagar pelo que fez em você, tudo bem? - falva olhando-a serenamente nos olhos.
    A moreninha tinha um olhar aterrorizado esculpido na face. Era tocante ver o nível de medo que uma pessoa podia expressar apenas com os olhos. As lágrimas não paravam de jorrar dos olhos. Tremia dos pés a cabeça. Respiração descompassada. Não respondeu a pergunta.
    - Está com sede?
    Agora respondeu. Ascentiu com a cabeça, enquanto apertava os olhos, fazendo mais lágrimas espirrarem.
    - Já volto. - Gabriel foi até uma segunda porta que tinha no recinto. Era como se fosse uma dispensa na parede. Apanhou uma garrafa d'água e um canudo. Abriu a garrafa e colocou o canudo.
    - Eu vou tirar essa mordaça, ok?
    Ela ascentiu. Devagar, Gabriel puxou a mordaça e soltou-a. O trapo ainda estava preso no pescoço da jovem.
    - Me ajuda, moço, pelo amor de Deus! Me ajuda... Me ajuda! - Gabriel chegou com a garrafa próxima dos lábios da jovem. Ela começou a sorver a água através do canudo, mas antes de chegar a boca ela interrompeu a ação.
     - Pode confiar em mim. Veja. Não tem nada na água. - Gabriel bebu um bom gole. - Viu? - Abriu a boca mostrando que tinha engolido.
    - Por que não me desamarra? - Perguntou assustada.
    - Já vou fazer isso, minha querida. Seja paciente.
    Então, sorriu.





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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Logo


Muito bem, pessoal! Essa aqui será o logotipo da Anarchy Ink.
Créditos para o meu amigo, Andy Araújo!
Quem procura um serviço de criação de Logotipo ou ilustrações, basta entrar em contato pelo e-mail:
andy.araujo@hotmail.com

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - O médico pt.2

    O estúdio é todo forrado com material isolante acústico e coberto por uma espécie de carpete preto, inclusive nas paredes. Tinha uma mesa de som com 10 canais, uma bateria, baixo, duas guitarras, três pedestais com um microfone em cada, um amplificador para cada guitarra e baixo, quatro caixas auxiliares para melhor distribuir o som dentro da peça junto com as vozes, e um armário de metal de duas portas.
    E tinha uma banheira no meio do recinto.
    Uma banheira, dessas antigas, branca e com patas douradas de ferro.
    Gabriel caminhou vagarosamente até a banheira e viu que tinha uma jovem ali. Ela estava com as mão amarradas às costas, assim como os pés, que também estavam amarrados um no outro. Tinha um pedaço de pano servindo de mordaça na boca. Estava desacordada.
    Foi até o armário de metal. Pegou um par de luvas, um par de sacos plasticos, um tapa pó, uma máscara, dessas que os médicos e dentistas usam, uma viseira de acrílico, semelhante aos EPI's de marcineiros e uma touca de plástico verde clara.
    Vestiu todo os aparatos. Cobriu seus pés com os sacos plásticos e foi até a banheira.
    Ficou admirando a jovem. Ela vestia uma blusa branca com uma estampa da Betty Boop. Calça suplex azul modelando um corpo já deliciosamente modelado. Seus cabelos eram negros. Se ela estivesse deitada no chão do estúdio, poder-se-ia dizer que a menina não tinha cabelo, tamanho seria o mimetismo. Calçava tênis branco com detalhes em rosa. Com certeza ela estava praticando exercícios.
    Gabriel estava extasiado com a bela menina. Ficou adimirando-a por um tempo. Viu sangue em sua boca. Com todo o cuidado, girou a cabeça da menina levemente para a esquerda e para longe da loça da banheira. Pôde ver em hematoma em sua bochecha direita. Tocou o lábio dela. Viu que ela teve alguma reação. Estacou. Não. Ela não acordou. Puxou suavemente o carnudo lábio da morena para baixo e viu que estava cortado. “Eu disse pra ter cuidade... Aquele filho da puta vai ver só...”, pensou. Os dentes estavam intactos. “Menos mau.”

terça-feira, 1 de novembro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - O médico pt.1

    Chegou em casa depois de um dia desgraçado de trabalho. Eram sete da noite, mas, para a sua mente, estava mais para uma da manhã.
    Abriu a porta de casa, que com o seu movimento, arrastou um pedaço de papel branco dobrado ao meio. Entrou, arrastando-o para dentro com o pé direito. Fechou a porta e se baixou para pegá-lo.
    “Entregue”, ele leu ao abrir o bilhete. Estava escrito com letras recortadas de alguma revista.
    Sentiu uma euforia. Estava revigorado. Contente, alegre, nas nuvens, deleitado e mais qualquer outro sinônimo, perfeito ou não. Sentiu que, apesar de ter sofrido durante o seu dia de trabalho na receita federal, ele veio a valer a pena.
    Olhou para a sua casa. Não era um homem de grandes posses, apesar de ser médico. Tinha um bom emprego – era médico - mas a construção da casa e o seu estúdio nos fundos, foram responsáveis pela venda do carro, mas morava sozinho e a casa acabava por não render grande ônus. Era uma boa casa em um bairro mais afastado da cidade. Mas um bairro bom. Classe média alta. Grandes terrenos, grandes casas. A sua, no entanto, era a menor delas. Não se incomodava.
    Sala e cozinha eram divididas apenas por um balcão, dando um aspecto semelhante ao de um bar, com os altos bancos de madeira, mas com almofadas no acento. Boas almofadas. Pretas. Não tinha carpete. Nem no quarto. Gostava, mas era mais difícil de limpar, fora que a poderia acabar manchando, quando algum líquido, por exemplo, caísse em cima. Por isso usava um piso flutuante de madeira clara. Um bege meio creme... Não sabia dizer ao certo que cor era aquilo. Simplesmente achou bonito e escolheu. Tinha uma mania de limpeza e tudo deveria estar impecável. Para não se martirizar, preferiu esse “atalho”.
    A secretaria eletrônica, que estava em cima do rack, ao lado da televisão LCD de 32”, alertava para uma mensagem gravada. Apertou o botão para que ela tocasse, enquanto começava a se despir, desabotoando os primeiros botões da camisa vermelha, sua cor favorita.
    - Oi, Gabriel... - Uma voz rouca e sedutora emanava do alto falante, fazendo aquele “oi” arrastado – aqui é a Patrícia. Vamos combinar algo? Me liga, viu?! Tens o meu número? 8407-845-42. Saudades. Aquele beijo!
    Pensou “Patrícia?...”. Se deteve e pensou um pouco. Sorriu. “Ah, sim... Patrícia... Ôôôô Patrícia...”. Abriu um sorriso largo. Essa era uma loira com quem havia se deitado no fim de semana passado. Um espetáculo de mulher. Com roupa já era uma delícia. Sem então... Foi de difícil abordagem, mas assim que conseguiu, a festa foi feita, e o melhor, no apartamento DELA. Pernas longas e seios fartos e empinados. Não era silicone.
Entrou no banho e ali ficou por vinte minutos. Deixava a água morna bater com força em seus músculos doloridos de um dia cheio. Lembrou do bilhete. Abriu um grande sorriso. Desses de orelha a orelha. “Não foi mesmo um mal dia.”
    Saiu do banho, pegou umas roupas velhas no guarda roupas e vestiu-as. Fazia calor e o dia fora lindo e ensolarado. Agora, a noite trazia uma maravilhosa e confortável brisa marítima. Sentiu isso ao abrir a porta dos fundos de sua casa. Atravessou o pátio e foi até o seu estúdio. Abriu a porta e entrou.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - Mônica e Alfredo pt.4

    Alfredo apertou o botão para o último andar. Ficaram em silêncio até o elevador parar no destino que escolheram. Não foi um silêncio constrangedor. Ambos estavam fazendo uma introspecção. Alfredo buscando coragem e Mônica, em busca de não derreter ali mesmo. Olhava para Alfredo. “E daí que é muito mais velho que eu?! Me tratou melhor do todos da minha idade! E até que ele não é feio como a maioria diz. É um ótimo cara E pões ótimo!”. Corou.
     O elevador chegou
    Verificaram se o mesmo se encontrava parado no andar, saíram e dobraram a esquerda. Tomaram a escadaria e subiram mais um andar, para a cobertura, onde o elevador não tinha acesso. Alfredo saiu primeiro. Mônica botou os pés na cobertura, arregalou os olhos e abriu a boca.
      Lindo!
    O céu assumia uma cor alaranjada. A ausência de nuvens e de bloqueios no horizonte tornava-o extremamente amplo e profundo, como se estivessem mirando o fundo de um oceano de águas extremamente cristalina. E como se este estivesse vindo de encontro a suas faces, causando um frio na barriga. Uma sensação bizarra de estar caindo para cima.
    A água da Lagoa que cerca a cidade em todas as direções - exceto oeste – refletia o alaranjado. Notando isso, Mônica teve, agora, a sensação de estar em uma outra dimensão. Um lugar onde não existia cima nem baixo. Era essa a sensação, pois o céu se unia a lagoa e a junção das cores apagava a linha do horizonte. Girou a cabeça levemente a esquerda e conseguiu avistar uma ilha. Teve um ligeiro alívio, pois essa ilha lhe fez lembrar onde ficava o “em baixo”. Essa ilha contrastava lindamente com o céu e lagoa alaranjados, pois era de um verde exuberante e imenso. Era o maior pedaço verde dentre os três existentes em sua visão. Apertando um pouco os olhos, era possível ver na ponta superior dos verdes, uma cor amarelada, que dançava ao sabor do vento, característica dos juncos. Outras plantas completavam a beleza da vegetação estuarina como pequenos arbustos que não conseguia recordar o nome.
    A brisa, vinda da laguna, tocava com força moderada os cabelos de Mônica, fazendo-os balançarem graciosamente. Incrivelmente, era um dia de pouco vento. Perfeito.
Alfredo olhou para a paisagem e depois para Mônica. Repetiu a ação e, então, afastou-se da menina e chegou próximo ao parapeito. Olhou novamente para a paisagem e depois para a menina. Olhou para a rua lá em baixo e, mais uma vez, para Mônica.
    - É, prefiro essa imagem. - E apontou para Mônica, com um sorriso nos lábios e um pouco corado. A menina baixou a cabeça, encabulada.
    - Pára... - Miou.
    - Queria te agradecer, Mônica, pelo melhor dia da minha vida.
    - Que isso, Alfredo... - ainda encabulada e olhando para baixo.
    - Fala sério. Nunca fui tão feliz! - Mônica foi se aproximando. Alfredo abru os braços – Sente essa brisa?
    - Uhum! - Assentiu enquanto se aproximava, agora de cabeça erguida.
    - Fica melhor ainda com o seu cheirinho, que ela me trás até aqui.
    - Pára, Alfredo... - Miou novamente e baixou a cabeça, mais uma vez vítima de um rubor.
    - Adeus, Mônica. - Ela estacou e ergueu a cabeça de sopetão. Não viu nada. Correu até o parapeito. Alfredo caia. Sorria. Estava feliz.
    Caia, caia e sorria.
    De braços abertos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - Mônica e Alfredo pt.3

    Alfredo passou o dia inteiro mexendo no celular. Fuçava. Ria. Fuçava novamente. Ria mais um pouco. Se pudessem, os outros rapazes o matariam. Ali. Naquele momento. Outros passaram a respeitá-lo. Instantaneamente. José, por exemplo, foi até ele com um sorriso no rosto. “Respeito.”, ele disse. Cerrou o punho e deu um soquinho no punho também cerrado do Alfredo. Outros, pareciam mulherzinhas invejosas. Só faltavam fazer aquelas caras de nojo e levantar o nariz. Eu fiquei pensando que nunca, jamais, em hiótese alguma eu veria alguém invejando o Alfredo no quesito “mulher”. Acho que fiquei com um pouco de inveja também, não sei dizer. Mas não acreditava em eus olhos. Isos que eu era o único da loja que se podia dizer que era amigo dele. Na verdade, eu era o único cara que conversava com ele. Bem, depois do José, ao dizer “respeito”, eu era o único.
    Algumas das “marias invejosas” vieram me perguntar se eu sabia o que diabos se passava.
    - Ah, não fode, meu. Pra que esconder? Fala aí
    - Não sei, cara.
    - Tu és o único que conversa com esse cara. Vamos, diga o que há, sim?
    - Não sei, cara.
    - Aff...
    Simplesmente não acreditavam em mim.
    E assim foi, até Alfredo encerrar seu expediente. Ele me deu tchau e me abraçou.
    - O que tu vais fazer? - Perguntei.
    - Vou me encontrar com ela... - ele estava muito nervoso – Na casa dela. - Acho que fiquei nervoso quandoe ele disse isso. Nervoso por ele. Inveja também. Definitivamente. E embasbacado.
    - B-boa sorte...
    - Valeu... Amanhã eu te conto como foi.
    - Não tem expediente.
    - Tomando um chopp.
    - Ah, ok então. - nunca tinhamos combinado nada disso.
     Todos os fatos agora não foram presenciados por mim, e sim relatados.
    Alfredo foi no café da Clô e repetiu o pedido da manhã. Deixou mais da metade no prato e nem tocou no café. Quinze minutos depois estava na frente da casa dela.
    Era um sobrado bege com porta e janelas brancas. Tocou a campainha e esperou. Suas mãos tremiam. Barulho de chave na porta. Ele tinha pedido para a menina matar aula e ela acatou. Ele suava. Ela abria a porta com um sorriso no rosto. Alfredo entrou.
     Uma hora depois, os dois sairam da casa dela. Caminhavam pela rua. Riam.
    - Se eu soubesse que tu eras assim, Alfredo, já podíamos ter feito isso mais vezes.
    - Desculpe, é que só hoje eu consegui criar a coragem.
    - Sou tão horrível assim de encarar que é preciso criar coragem? - Ela fez beicinho.
     - NÃO! Não... Muito pelo contrário... - Ele suava.
    - Estou brincando, seu bobo. - ele ficou aliviado – Onde vamos agora? - ela pegou em sua mão e fez uma carinha de anjo.
    - Deixa eu ver que horas são... - consultou o relógio – Está perto do pôr-do-sol. Sei de um lugar ótimo! Vem comigo! - Puxou-a pela mão e apertou o passo.
    Chegaram ao pé do edifício mais alto da cidade, o Léfè. 60 metros de altura. Entraram e dirigiram-se até o elevador.
     - A coisa mais romântica que fizeram comigo foi me levar no shopping pra comer pipoca e assistir a um filme de comédia. - Ela deu uma risada.
     - Crianças... Eu posso te garantir que hoje vais er inesquecível – Deu um sorriso que derretou na hora o coração da menina.
     Entraram no elevador.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - Mônica e Alfredo pt.2

Buenas, pessoal... Aqui vai a continuação de um conto que eu to devendo a alguns meses já. Desculpas para quem gostou e estava querendo saber a continuação da história de Mônica e Alfredo. Para os que nem lembram e querem saber, clique aqui.

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    Nosso café chegou e nós falávamos trivialidades. Ele queria porque queria que eu assistisse aquela série “Desperate house-alguma-coisa”, mas eu ainda insistia que não iria fazer isso.
    - Me diz, cara. Eu já estou a ponto de ter um troço aqui! O que tu vais fazer? - Não conseguia entender a excitação nem a curiosidade.
     - Já disse, só lá na F.
    - Mas que merda... - Protestei.
    - Só mais duas mordidas no meu sanduíche e vais saber. - Eu já tinha terminado o meu café.
    Assim, duas mordidas e uma “pagada” de conta depois, estávamos na F. Fomos até o vestiário, pôr os uniformes.
    Há um mistério em relação ao Alfredo. Ele não é assim, descontraído, extrovertido... Feliz... Ele tem 36 anos e nunca foi visto, pelo menos durante os cinco anos que eu conheço ele, com uma mulher. Existem algumas... “teorias”... Em relação a ele. Ouvi caras apostando uma vez sobre isso. Literalmente apostando. E alto! Cem reais. As opções eram: 1) Viúvo; 2) Traumatizadamente divorciado; 3) Virgem; e 4) (acreditem se quiserem) Pedófilo. Apostei na 3, mas não conseguiu-se ainda nenhuma prova de nada disso. Minha teoria: Apenas olhando a pobre alma. Acho que ninguém, hoje, sairía na rua de suspensórios. calça jeans bege, camisa social amarelo-mostarda e os malditos suspensórios marrons. Fora as desgraçadas meias até a metade da canela. Tá certo que, de calça ninguém nota, mas, porra, já vi a criatura de bermudas. Sapatos marrons. Ele provavelmente era loiro ou até mesmo albino – ele é careca -, não sei dizer. Mas, quando deixava o cavanhaque crescer era uma conclusão perfeitamente plausível. Óculos fundo de garrafa. Ele não é um debilóide. Pelo contrário, extremamente inteligente. Infelizmente, as pessoas se ofendem quando descobrem que uma pessoa é mais inteligente que elas.
    Colocamos o uniforme. Calça social preta, sapatos pretos e camisas sociais vermelhas. Sem gravatas. Saímos do vestiário.
    - Me dá uma dica, Alfredo! - Implorei. Ele estacou. Virou-se para mim com uma cara de impaciência. Parecia pensar no que ia dizer. Não foram nem dois segundos, mas pareceu um minuto para a minha ansiedade.
    - Ok! É sobre a Mônica. Deu! Não falo mais nada! - Agora fui eu quem estacou. De verdade. E nem percebi. Estaria Alfredo pegando a princesinha, a musa, a pequena delícia da loja? “A” Mônica? Nah... Não! Claro que não. Imagina! “HAHAHAHAHAHA”, eu pensava. Até deixei escapar uma risada discreta. Segurei.
    Foi então que a bela estagiariazinha chegou no recinto. Suspiro dos marmanjos a volta. Inveja das cobras e serpentes. Ela estava em cima da hora, então, passou correndo por nós, mas não sem... miar... “ois” para todos. Algumas colegas visivelmente sem sexo caçoavam dos meigos “ois”, outras tomavam conta de seus afazeres, e outras apenas faziam cara de nojo.
    Cinco minutos depois, ela saiu do vestiário feminino. Saia social preta, sapatos de salto – pezinho 35 equilibrando dezessete aninhos com um metrinho e 60 deliciosos centímetros – camisa social feminina branca, infelizmente com todos os botões fechados. A camisa lhe caia muito bem.Na verdade, parecia que tinha sido desenhada nas curvas da bela moreninha dos olhos verdes, pois as acentuava. Era possível ver o sutiã, mas não revelava nada de mais. Ela não era uma puta assanhada. Era uma peça comportada. Mas, para nós, marmanjos, podia ser uma droga de um bege broxante, que veríamos um vermelho de rendinha.
    Assim que a menina saiu dos vestiário, marmanjos surgiram de todos os lados. “oi, Mônica!” acompanhado do melhor sorriso que podiam dar; “Oi guriazinha” e tentavam não babar tanto e, “Está linda hoje, heim! (suspiro)” eram frases já rotineiras que bombardeavam aquelas doces e delicadas orelhinhas. Ela retribuiu os cumprimentos e fugiu deles de forma totalmente descarada, mas mesmo assim, delicada e educada. Só ela conseguiria tal façanha.
    Mônica, Alfredo e eu nos dávamos bem. Pode-se dizer que éramos amigos, pelo menos durante as minhas 8 horas, as 6 do Alfredo e as 4 dela. Eu tenho família. Uma mulher e um filho pequeno. Então, não tenho muito tempo de sobre para sair com o pessoal do trabalho – se tivesse, eu acabaria fazendo alguma merda – ou fazer novas amizades.
    Mônica desfilava em nossa direção, causando inveja dos abutres. Inclusive ciúmes.
    - Oi rapazes! - Ela sorriu.
    - E aí, menina? - Respondi.
    - Tudo bom? - Perguntou Alfredo. Que, em seguida, abraçou-a e lhe deu um beijo na bochecha. Por um breve instante o tempo congelou. Alfredo sempre foi ultra tímido. Nunca tocara nela.
    - Tudo. - Ela respondeu, também estranhando e retribuiu o beijo. Senti olhares de incredubilidade vindo em nossa direção. Estranho como os se homens parecem com mulheres as vezes.
    Batemos um papo rápido e logo começamos nossos afazeres. Assim que Mônica foi para a entrada da loja, tentar vender cartões da mesma, olhei para Alfredo:
    - O que deu em ti? Por essa eu não esperava mesmo!
    - Está só começando. - Falou sorrindo. Um sorriso diferente. Se via determinação ali. Algo que, até então, aparentemente jamais tinha se manifestado naquela carcaça ambulante.
    - Ela só tem 17... Pode dar muita merda pra ti... - Adverti.
    - Não te preocupa. Eu sei o que estou fazendo.
    Cara, eu não sei que livro ele leu ou que palestra assistiu, mas, definitivamente, era outro homemm que estava ali, na minha frente.
     Perto do horário do almoço, a menina dirigia-se até o vestiário. Foi então que aconteceu! Alfredo largou o que estava fazendo na hora e voou em direção a jovem. Eu estava atendendo, então, só consegui ver de rabo de olho. Alfredo parou Mônica e falou-lhe algo no ouvido. Ela fez cara séria e cochichou de volta. O cliente perguntou se eu estava com algum problema. Pedi desculpas e... foda-se voltei a espiar os dois. Ele falou-lhe novamente e... Ela se riu toda! Então, falou mais alguma coisa e deu-lhe um delicioso e carinhoso beijo na bochecha. Assim que mônica entrou no vestiário, eu me desculpei mais uma vez com o cliente, e Alfredo mexia em seu celular. Anotava algo lá. O número do telefone dela! O que veio a ser confirmado mais tarde. O tempo pareceu parar enquanto eu processava aquela imagem. Pareceu, porque o cliente estava se movendo perfeitamente e eu quase o perdi.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Um bêbado sujo, fedido e louco

    No ônibus tinha um bêbado. Jaqueta azul-escura, em teoria... Na “prática”, estava toda coberta de manchas de pingos brancos. Onde não estav a manchado, estava desbotado.
    Fedia, o pobre infeliz. Antes fosse a cachaça. Era catinga mesmo.
    Se apresentava para qualquer pessoa:
    “Sou gaudério, desse meu Rio Grande do Sul! Não sou daqui, de Rio Grande. Sou gaudério, desse meu Rio Grande do Sul!”
    As pessoas o olhavam. Algumas rindo (dele) outras com ar de reprovação. Outros, os mais civilizados, continuavam com suas vidas, sem se meter na alheia. E eu, observava. Não com os olhos, mas com os ouvidos (espera um pouco...)
    Quando o ônibus deu partida e começou a se locomover, ele parou de tagarelar.

    No meio da minha viagem, pois eu desceria na metade do caminho, na universidade, ele resolveu conversar com algum passageiro, no fundo do ônibus,
    “Eu conheço, aqui, o CTG Mate Amargo! Venho pra fandangueira, aquii, sempre! Pra Vanera! É MUITO BOM!”. Até o motorista escutava.
    Cantava algumas músicas tradicionalistas que eu nunca ouvi, ou, simplesmente, não entendia o que ele dizia.
    A universidade se aproximava. Uma parada... Nessa. Levantei do banco e puxei a cordinha para dar o sinal. Foi quando eu descobri com quem o bêbado conversava...
    Com ele mesmo.
    “Eu tenho 69 anos e nunca vi uma coisa dessas!...”
    Antes de descer, olhei para os demais passageiros. “Louco” é o que se lia em suas faces.
    “Louco?”, pensei. Nós é que trabalhamos em lugares que odiamos. Nós é que odiamos a vida que levamos e, mesmo assim, preferimos mantê-la do jeito que está. Louco ele?
    O ônibus parou e eu desci. Então, respirei fundo, levando aos meus pulmões o ar carregado de poluição e poeria levantada pela partida do ônibus, e fui para o meu inferno pessoal.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O maior ataque terrorista da História

Eles dizem

É estranho como
Eles vendem
Suas histórias

Uma enorme tragédia
De fato
Mais de 2500
Bombeiros
Administradores
Economistas
Empresas
Dinheiros
Ações
Advogados

Bem, esses últimos não fazem tanta
falta

Secretárias...
Ah... As secretárias...

Há 65 anos
Parece-me que
Esqueceram que
Dois singelos
Cogumelos
Engoliram mais de
Cem
MIL
Almas

A maioria
Mulheres
Crianças
Velhos

E os que conseguiram
Sobreviver
Além das baratas
Estão Aleijados
Deformados
E Sequelados
Gerando
Aleijados
Deformados
E Sequelados


O maior ataque
Terrorista da História
Eles dizem

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Combustível

Há dois anos atrás
Eu chequei o combustível
Do meu carro

Estava na reserva
Mas eu continuei
A dirigir
Passei pelos vários
Desvios
Sem me importar
Com droga nenhuma

Apenas dirigia

Agora
Eu vejo o fim
Da pista
E eu continuo
Com o pé no acelerador
E com a mão
Direita
No volante

Mas a gasolina acabou

Então
Eu boto o braço
Esquerdo
Para fora do carro
Para pegar um ventinho

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Discursos

Não existe
O discurso certo
Muito menos
O discurso
Errado
Mas sim,
O discurso que
Você engole

E aí?
Vai uma cachacinha
Pra ajudar a descer?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Onde você guarda a sua loucura?

A diferença do louco
para o são
é que o louco não tem
censura
sobre seus atos
e pensamentos

O que torna um louco
louco
não são os grandes
baques da vida
como a sua demissão
ou sua namorada
te trocando
pelo seu cachorro
ou gato
mas a torneira
que não para de pingar
a porta
que não para de bater
enquanto se tenta
pregar os olhos
no meio da madrugada

Assim como a sociedade

com suas universidades
formando intelectualóides
e órgãos públicos
e políticos
e você(s)
e eu
médicos que
operam o joelho errado
de um paciente sadío

Não as grandes catástrofes

Isso apenas assusta
pois
não podem
ser
previstas

Assim como os loucos

domingo, 14 de agosto de 2011

Notas sobre o insuportável II

    Sentindo vontade de mijar, levantei a bunda da cadeira e fui para o banheiro. Ascendi a luz do banheiro. Levantei a tampa. Um monte de merda, daquelas com milho, sabe?, estavam no vaso. Então, me veio a ideia para esse... conto (?). (!?)
    Voltei para o pc, onde desperdiço, com prazer, 80% das horas dos meus dias, quando minha namorada está longe de mim, e falei com um amigo sobre o post. Mais uma “insuportabilidade” na vida de qualquer cidaão apaixonado pela tecnologia, desenvolvimento e ambição humana – se algumas pessoas lerem isso, me queimarão (com a, o e til, seus analfabetos) na fogueira.
    À essas pessoas, o que tenho a dizer é que, elas adoram reclamar que “o maldito homem” - que ninguém encontrou ainda esse tal sujeito para dale umas boas dumas bordoadas – faz impacto ambiental em tudo o que toca apenas para o seu bel prazer. Bom, senhor que reclama da sociedade humana e não abre mão de usar o seu maldito carro, escovar seus dentes amarelos defronte a uma pia em seu banheiro dentro da porra da sua casa na qual você tem um vaso cheio de merda – com milho – e precisa acender a luz porque está de noite e você não conseguiu evoluir sua visão para uma visão noturna ultra radical, faça um favor ao mundo e enfie uma faca na sua goela.
    Mas voltemos à ambição humana e suas maravilhas.
    O desejo de viver de forma mais confortável, e não em cavernas sendo perseguido por ursos, pumas, jacarés e dinossauros (?!), aquele homem desgraçado aprendeu um ou dois truques como construir uma casa e fazer uma arma qualquer pra se defender. Com o passar do tempo esse bixo desgraçado, chamado homem, não precisava mais ficar criando engenhocas pra se defender, mas sim para seu bem estar, comodidade, luxo... enfim, futilidades (ou não).
    Assim, surgiram os computadores, impressoras, cds, cd players, mini systems, aparelhos stereos, televisões, lâmpadas, eletricidade, máquinas de lavar louça, máquinas de lavar roupas, roupas, cadernos, livros de geografia (Oh, Deus, até que ele merece mesmo umas bordoadas), pias vasos sanitários, descargas... Enfim... Muita coisa pela qual todo mundo usa e 90% reclama de existirem - sem saber que reclamam DESSAS coisas, especificamente, junto com todos os seus protestos virtuais de sabedoria adquirida na rede.
    Voltando, tudo isso é uma maravilha. A capacidade de transformação do meio pelo ser humano é algo simplesmente extraordinário.
    Porém, quando uma merda dessas resolve parar de funcnionar...
    Ou apresentar algum defeito...
    Impressoras são demônios na forma de objeto. Sempre que você estiver com pressa, a impressora vai se munir de desculpas e não vai funcionar. A preferida delas é “verifique o papel”. Você mete uma bifa e berra “tem papel, PORRA!”. Então, ela muito esperta, vai dizer “Verifique se algum cabo esteja desconectado”. Se você for burro o bastante, você VAI verificar. Sempre estará em ordem. Então, você se irrita e desliga-a, aguarda alguns segundos, e liga de novo. Manda imprimir. Ela vai imprimir. Mas uma folha teste. Depois, irritado por ter gasto uma folha por nada, a impressora vai se recusar a imprimir novamente, pedindo para que você, por gentileza, verifique o cartucho de tinta. MAS ELA ACABOU DE IMPRIMIR POR CONTA PRÓPRIA UMA FOLHA TESTE.
    Quando uma lágrima escorrer de seus olhos e você declarar que se rendeu ao poder da infeliz, uma outra pessoa vai perguntar se você quer ajuda. Acredite, a pessoa vai SENTAR A PORRA DA BUNDA na cadeira, vai apertar o botão de imprimir e tudo estará resolvido...
*************
    Você está escutando música. Pra quem é velho que nem eu, num cdzinho dentro de um mini system. Muito bem, o Soundgarden está arrebentando os tímpanos dos vizinhos, e você está querendo mais que eles se fodam. Então, quando sua parte favorita da música chega, a música se transforma num remix de algum filho duma puta de um dj. Você fica louco. Para a música, tira o cd e olha para ele. Perfeito, nenhum arranhão, mas ao colocar de novo na melhor música – ah, sim, geralmente isso acontece preferencialmente na melhor música – o cd continua pulando. Você tem uma rápida ideia “pode ser o leitor do som...” Mas dái você lembra que até a pouco, tudo funcionava bem...
***************
    Meu pc tem ciúmes de mim. Foi a conclusão que cheguei esses tempos. Basta eu ficar 2 dias longe de casa sem ligar ele, que, podes ter certeza, ele vai apresentar algum problema. Da ultima vez, eu fui a Caxias do Sul, RS, e passei 5 dias fora. Quando regressei ao meu humilde lar, o computador não queria iniciar o windows. Ia abrir o negócio e ele reiniciava. Solução: iniciar com o dvd do windows e formatar.
     Ainda dentro desse tema, eu tenho uma placa de video com problemas de aquecimento.
     Ela precisa SER AQUECIDA para funcionar.
    Uma vez eu tive que abrir o computador para limpa-lo. Tirei tomada, desengatei monitor, teclado, mouse, modem... E, quando fui pega-lo para por em cimia da cama para os finalmentes, EU TOMEI A PORRA DE UM CHOQUE!
*****************
    Estava eu fazendo uma “reflexão”, lendo Bukowski no banheiro, quando a luz começa a piscar. Me senti numa rave, as 6 da manhã, morrendo de sono, porém acordado, devido a uma urgência biológica para uma “reflexão”. Muito bem... Fiquei amaldiçoando a luz e fechei os olhos para não ficar tonto – odeio essas merdas de luzes piscando em festas. Depois de uns 2 minutos, a luz finalmente para de piscar, claro, queimou. Parei de ler o Buk. Terminei o que tinha ido fazer e puxei a descarga. Maravilha, a descarga quebrou. Você aperta a porra do botão, a água da descarga desce, com uma força que não empurra nem uma bola de ping-pong, só faz encher de água o vaso, a merda girar e subir, ao invés de descer. Solução: Um bom balde de água.
    As seis da manhã?
    A merda que se foda.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Notas sobre o insuportável I

    Certa vez, abri a página inicial de um site onde eu tenho e-mail, para acessá-lo. Nesse site, tem notícias bombasticamente fodásticas sobre as celebridades: suas ações, não-ações, ditos, não-ditos, flatos em elevadores - ou locais públicos -, saúde mental/física de seus amigos, irmão, irmãs tios, avós, cachorro, gato, papagaio, periquito – periquitas, também -, ficha policial de parentes de 4º grau... Enfim, tudo o que um cidadão precisa saber para começar o seu dia com o pé direito.
    Pois bem, o tema não é este – porém está relacionado, como verão adiante -, existem coisas mais insuportáveis, que são as pessoas que COMENTAM nesses posts. As vezes é cômico, as vezes é trágico, as vezes são irônicos – meus favoritos – e, as vezes, são os pseudo-politicamente corretos.
    Esses, meus amigos, se assemelham a peste, que comentei num escrito anterior.
    Estão por toda a parte. Se tem alguém fazendo uma ação fútil, ou simplesmente algo que uma pessoa ache interessante para ela mesma e que seja extremamente babaca para o resto da sociedade, lá estará o intelectualóide pseudo-politicamente correto.
    Vamos por partes. Intelectualóide: São seres proclamados humanos, que, aparentam possuir inteligência. Proclamam o combate ao fim da manipulação das mídias para com o pobre cidadão indefeso, retardado e debilóide, já que eles são a suprema sapiência. Se você deixar, eles discorrem sobre o assunto que for, sempre inserindo as palavras “crítica”, “paradigma”, “crise”, “manipulação”, “alienação” e uma ou outra que não me ocorre no momento. Mas, pelo menos, três dessas estarão em cada parágrafo escrito/falado. Como agem os intelectualóides: eles procuram algum assunto numa roda de amigos que estejam falando sobre algum assunto sério, como a última sacanagem – ah, sim, todos são comunistas/libertários/anarquistas/neo liberais, tudo ao mesmo tempo, dependendo da pauta – de um governo de esquerda, eles se posicionarão a favor do governo e dirão que “Nem tudo é o que a mídia diz... Eles sempre buscam uma maneira de alienar/alienação o cidadão.”. Concordo, porém, os argumentos são sempre os mesmos – “A globo apoia a ditadura!”, “A Record distorce pra mostrar o que a globo não quer!”, “copa do mundo é o mesmo que pão e circo!”, e, a favorita deles "a culpa é do ser humano/homem" - alguns mais esclarecidos dizem "sociedade" -, entre outros - e, muitas vezes por diversão, eu me posiciono a frente da mídia, apenas para ver o que eles tem a dizer. Quando me canso da ladainha, esperneio e chororô, eu pergunto “onde, então, é seguro buscar uma informação na mídia?”. O Cidadão me responde “Na internet”.
    Se a internet é tão valorosa na formação de um cidadão, então, porque diabos 90% dos internautas não aprenderam que “B + A = BA” ou que, uma das primeiras palavrinhas que aprendemos a escrever na VIDA é CASA... COM “S”, FILHO DA PUTA! NÃO COM “Z” NEM COM “K”! ou, ainda, não conseguem diferenciar ironia numa frase escrita? (aqui nesse texto, você pode exercitar isso) - os atores que interpretam o raj, howard e leonard de big bang theory vieram ao Brasil e, ao serem perguntandos sobre o Charlie Sheen, o Howard respondeu “quem é Charlie Sheen?”, se esquivando da pergunta, para não entrar em assuntos polêmicos... A maioria esmagadora dos comentários dessa notícia era para boicotar a série, pois o cara estava se achando.
    Onde estava? Ah, sim, o pensamento de achar que um portal de notícias chinfrim ou uma enciclopédia virtual - onde qualquer macaco pode editar um texto ali - vai lhe trazer todos os conhecimentos obscuros do universo e a verdade absoluta sobre a sociedade atual...
    Estudar um livro sobre o assunto? Isso é coisa de nerds. A informação hoje é rápida. Entra na merda de um microblog e, em 5 segundos eu sei tudo o que acontece na porra do mundo, assim, estou pronto para debater com qualquer pessoa. Furacão Katrina? Culpa do pau no cu do Bush. Tsunami no japão? “Quem mandou construir usina nuclear na beira da água?!” Fome no mundo? Capitalismo de merda! MST quebrando um laboratório que não tinha nada haver com a reforma agrária? “É a revolução, meus amigos! Um símbolo da revolução!” Aquecimento global? A humanidade que não presta!
    Se a humanidade não presta, porque eles não começam a mudar o mundo? Uma bala na própria cabeça ajudaria bastante.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A peste e a universidade

 Estava lendo um conto de Charles Bukowski, “Observações sobre a Peste”, do livro Fabulário Geral do Delírio Cotidiano: Ereções, Ejaculações e Exibicionismos – Parte II, onde o velho Buk descreve a “peste” de maneira extremamente odiosa, mostrando a repugnância dessa praga que habita o planeta Terra e vive de forma extremamente desgraçada – para as vítimas, é claro – e prazerosa para si mesmo.
Depois de me deleitar e simplesmente me cagar de tanto rir – entenda, o assunto é sério e delicado, mas algumas experiências frente a peste que o velho desgraçado vivenciou, são fodidamente autobiográficas para qualquer ser humano, que tive algumas ideias para escrever as minhas notas sobre a peste.
Se você acha isso falta de criatividade, então, foda-se você e vá tomar bem no meio do olho do seu cu, ok? - Ou, podes simlpesmente parar de ler, e continuamos amigos.
Ele cita o exemplo de um tal McClintock, que ligava todos os dias as 9:00 da manhã, sabendo que o velho Buk trabalhava 12 horas todas as noites, chegava em casa as 7:00 e, depois de algumas garrafas de cerveja no bucho, ele dormia.
Se você não entendeu ainda o que é uma peste, provavelmente você é uma, mas exemplificarei melhor:
Imagine aquela pessoa que vem falar-lhe algo quando você simplesmente não está afim de ouvir nada de ninguém. O pior é que, essa pessoa, consciente ou incoscientemente – acredite, normalmente é CONSCIENTEMENTE – sabe que você está num mal dia, ou que você o conhece e sabe de sua fama de peste e simplesmente escolhe você, até sugar o último suspiro de sua paciência NAQUELE DIA, pois no dia seguinte, refeita, a peste retorna.
Pois bem, você está parado no seu canto, fazendo o que for da vida, mesmo que não seja nada, mas simplesmente quer que as coisas continuem assim, as pessoas andando de um lado para o outro, ignorando sua figura estática. Indo e vindo. Trabalhando, exercitando, passeando, estudando, vagabundeando e diversos outros “andos” que a transformação dos demais verbos permitem. E você não está fazendo nada. Eis que surge a peste.
Se você é o tipo de sujeito que prefere absorver os impactos sem revidar, com medo de que as pessoas possam se magoar com você, ou, simplesmente você não sabe porque diabos não enfia uma porrada verbal na cara do infeliz – junte-se a nós! -... A peste fareja isso. Ela sente. Tão claramente como o frio cortante da geada da manhã gélida de junho no Rio Grande do Sul. A criatura simplesmente sabe.
O incrível é que, você pode simplesmente mostrar total desinteresse – como eu faço – no assunto da peste.
- Faaaala seu Pedro! Seu Pedro Pedreira! tudo bom com o senhor? E a família? E o cachorro? Hahahaha
- E aí – (sorriso amarelo)
- Tudo tranquilo - note que eu não perguntei como ele estava – hahahaha! Esses dias eu..– Então, ele fala por mais de 10 minutos, sem parar, enquanto, eu desligo o cérebro e respondo “Uhum's”, “é...”, “Pior...”, “(Sorriso amarelo)”.
Após insistente papo, como se fosse meu melhor amigo, ou que me conhecesse desde sempre, faz-se um silêncio. Então, eu olho nos olhos da criatura e sabe o que eu vejo? A criatura, a peste, está tomando conta da mente daquele ser humano. Você vê, que o desgraçado está tentando achar um assunto para continuar conversando. Enquanto isso acontece, eu rezo, imploro a qualquer Deus, santo, exu, preto velho... o que for, para que apareça alguém com quem valha realmente a pena conversar. Essa é a tática correta. Jamais implore para uma força superior para que a peste vá embora. Como eu disse, ela sabe que você não vai reagir, por educação, bunda molisse, ou simplesmente, não sabe porque, e isso a fará mais forte.
O bizarro é que, as vezes, a pessoa que aparece, apesar de ser seu amigo, pode GOSTAR da peste, e vai puxar assunto com a peste. ESSA É A DEIXA! Simplesmente SAIA. MAS ATENÇÃO!!! NUNCA, JAMAIS, EM HIPÓTESE ALGUMA DIGA ONDE VOCÊ VAI. A peste simplesmente vai dizer:
- Vai/vão no CC? - Centro de Convivência, local onde ficam os bares na universidade – Tenho nada pra fazer mesmo, te acompanho!
Meu camarada, entenda, a peste TEM MUITO A FAZER, além de pestiá-lo, é claro. Mas essa sempre será a prioridade.
Uma peste muito comum no ambiente universitário é a seguinte: estão você e seus amigos/amigas, falando sobre trivialidades, mulher, cerveja, futebol, homens e professores(as) – em ambos os casos, falando mal...
Exemplo:
- O meu, agora que o Adriano chegou, conta o que tu estavas contando aquela hora!
- Ah, sim! Então, como eu estava dizendo, sabe aquela gostosa da economia?
- Qual? - o Adriano pergunta.
- Aquela que é baixinha e tem uns baita duns peitões. Bem, não são bem uns baaaita duns peitões, mas são bem bonitos... Loira, carinha de boneca, lábios convidativos e com uma testa grande.
- BAH, SEI! Continua!!! Tri Boa! No verão vem sempre com uns decotes sensacionais!
- Pois então, eu estava vindo do CC e indo para a aula, daí eu passo pela frente do banheiro feminino, cuja porta estava aberta, e a louca estava com as calças arriadas até metade...
- E aí gurizada, como é que tá?! E a provinha daqui a pouco?! Estudaram?? - Adivinha quem chegou na hora H? Na mesma hora, o cara que contava a história se perde. Os dois indivíduos mais “fortes” contra pestes simplesmente caem fora, restando o contador da história, eu, e a peste, lógico.
- B-bem... não muito mas... - Disse o contador da história
- Nem eu! - Diz a peste, que, óbviamente estudou, mas não quer passar como nerd. Sinceramente, seria muito melhor se ele passasse como nerd e não como peste, mas... a peste sempre é mais forte.
- Bom... Vou nessa. Está na hora da prova. - Eu disse.
É lógico que o cara terminou a história depois, numa outra ocasião. Mas, bem, foi como se você estivesse nas preliminares com uma gostosa, daí, veio uma peste e te joga um balde d'água fria por cima, gritando, dizendo “aháááá!!” e tirando fotos. Depois de muito conversar com a menina, ela entende que a criatura não é seu amigo, você não gosta da figura, explica com um texto mais ou menos desse tamanho que ele é uma peste para depois sim, transar com ela.
Você transou, mas não foi NAQUELE momento.

Agradeça a peste.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Leitura de Banheiro

     Cheguei em casa. Era por volta das sete da manhã. Estava escuro. Sono.

    No caminho até o quarto, dores na barriga. Maravilha. Peguei um Bukowski em cima da bancada do quarto e fui ao banheiro. Sentei e comecei a ler de onde tinha parado. Era um novo conto, onde chovia em L.A. e o velho Chinaski dirigia em direção a uma oficina mecânica. O conto envolvia diferentes tipos de mulheres em situações diferentes, e o velho Buk, reclamando de tudo, com a genialidade de sempre.
    Parei pra pensar quando tive o primeiro contato com Charles Bukowski, o velho sujo e depravado, que Deus o tenha – com doses de whisky, vinho, cerveja, gim com tônica... Infinitas³³, se não, seria muito pouco e seria bem capaz do velho ressuscitar... Acredito que Deus não iria querer muito isso...
          - Comprei um livro! Misto Quente – disse ela para mim.
    - É de comer? - Perguntei.
    - Não, dã, é do Bukowski.
    - Quem?!
    - Charles Bukowski...
    - Nunca ouvi falar. - Fiz pouco caso – É algum clássico, por acaso? - Tenho medo desses caras.
     Passaram-se alguns dias...
    - Terminei o Misto-Quente!
    - Quem?
    - O livro aquele, do Bukowski... Lembra que te falei?
    - Lembro. - Menti.
    - É bem legal, é totalmente diferente d equalquer coisa que tu já tenhas lido algum dia... As vezes ele é muito nojento, as vezes ele é bem tarado, e geralmente ele é muito engraçado. - Confesso que me interesse naquele momento.
    - Hum... Me empresta?
    - Claro.
      E comecei a ler. 
     Tinha uma passagem em especial que ele falava de um colega que estaria no equivalente a, mais ou menos, o primeiro ano do ensino médio – se não me engano. Era um sujeito esquisito, que ficava batendo punheta pra professora, no meio da sala de aula. 
     O personagem principal, tinha a cara totalmente repleta de umas espinmhas completamente desgraçadas. Realmente fodidas. Dava pena do coitado, e isso rendia uma boa dose de cenas nojentas, e, o mais estranho, o livro não tem um clímax geral da história. Algo que te deixa excitado com a leitura ou coisa do tipo. Mas, como dizia um conhecido meu, ele tinha “micro-climas” durante os capítulos. Não sei explicar direito, não sou uma droga de crítico literário.
     Realmente foi algo completamente diferente de tudo que eu já tinha lido.
     Quando dei por mim, o dia já clareava. Estava na hora de ir dormir.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ele e o outro cara

   7:00 da manhã. O despertador do celular toca. Chevelle - Panic Prone. Ela, relutantemente se levanta, veste-se, dá um beijo de despedida nele e sai pra trabalhar. Não reparou no que ela vestia, seus olhos estavam mais fechados do que abertos.
   Ele, uma hora depois, se levanta, veste o jeans azul, e a jaqueta de nylon cinza e azul por cima do blusão de lã que já vestia, dá comida para o gato dela, sai de casa, tranca a porta e vai em direção a parada de ônibus.
   A manhã estava fria e a neblina era densa, apesar do horário. Não se via nada a 20 metros de distância, mas o sol brilhava forte, o que mostrava que seria um bom dia.
   Distando um quarteirão da parada de ônibus, ele escuta o ônibus se aproximando e corre para não perdê-lo. "Só falta não ser o ônibus certo..." pensou.
   Leu o letreiro do ônibus "T03 - Trevo". Nenhuma placa indicativa. "Com certeza vai até a estação de integração do trevo" concluiu mentalmente. Fez sinal para o ônibus e entrou.
   O ônibus estava quase lotado, mas dispunha de alguns acentos livres. Como iria descer em breve, escolheu um próximo a porta de desembarque.
   Contribuindo a sua dedução em relação ao destino do ônibus, um outro passageiro, vestindo calça jeans azul, botinas pretas desbotadas e uma jaqueta de nylon azul escuro com faixas branco-acinzentadas nos cotovelos, daquelas que reluzem com a incidência de luz, perguntou ao motorista se o ônibus iria em direção a barra. O mesmo disse que não, então, o homem pagou a passagem, escolheu um acento livre e a curta viagem seguiu tranquila.
   Chegando próximo ao viaduto em forma de um trevo - daí o nome do destino do ônibus - Ele e o outro cara - o homem que perguntara sobre o destino do ônibus - se surpreenderam com o rumo que o ônibus tomou. Ao invés de seguir reto, sobre o viaduto, o ônibus tomou o desvio a direita, que leva ao distrito da Barra, o mesmo que o outro cara havia perguntado sobre e o motorista negado como sendo o destino.
   Ele amaldiçoa silenciosamente a falta de sorte e dá o sinal para descer. O ônibus pára na próxima parada e Ele desce. observa o caminho que terá de percorrer a pé. Calcula uns 10 minutos de caminhada. Não é longe, porém, terá que atravessar uma rodovia com alto fluxo de caminhões a mais de 80km por hora e sem uma calçada, acostamento, passeio o que for decente. Variando caminhar pela própria pista e as vezes pela grama molhada pelo orvalho. Dá de ombros e começa a caminhada.
   - FILHO DUMA PUTA! - escuta atrás de si. Ele se vira para conferir quem é ou o que acontecia.
Era o outro cara, praguejando.
   - Cara, eu perguntei pro corno do motorista se ia pela Barra e ele disse que não! - Continuou o outro cara. - Pegasse ele te disse isso também?
   - Não, não... Eu vi o letreiro "Trevo" e imaginei que ele ia até a integração pelo menos.
   - Pois é, não tinha placa nenhuma indicando nada naquela merda... Porra! vou me atrasar... combinei com o meu chefe as 8:30 no pórtico! - Esbravejava.
   - Que horas são?
   - 8:08
   - Acho que ainda vai dar, não te preocupa.
   - Onde é a parada mais próxima?
   - É ali na integração... vamos ter que atravessar essa bosta primeiro...
   - É o jeito...
   E começaram a caminhar.
   - Porra, e eu já tinha me atrasado antes porque cheguei na parada e vi que tinha esquecido do cartão com as passagens. E agora esse pau no cu me diz que não vai pra um lugar e acaba indo!!
   - É foda, já perdi as contas das vezes que dou falta do cartão na hora de subir no ônibus.
   - Que merda.
   Seguiram caminhando. Chegaram na pista que dá acesso a rodovia da qual o ônibus tinha desviado e ido para o lugar que não devia - ou devia, dependendo da interpretação ou ponto de vista. Ele observou que o transito estava trancado e falou ao outro cara.
   - Mas do que que trancou? - O outro cara olhou o relógio.
   - Não sei... - Ele começou a observar. Viu que tinha um enorme caminhão atravessado no meio da pista e que não conseguia manobrar devido ao seu tamanho. Ele apontou para o caminhão, mostrando ao outro cara o motivo do pequeno engarrafamento.
   - Mas o que diabos aquele imbecil quer fazer??? Será que quebrou ali? - o caminhão começou a dar ré - Não... acho que ele só ta conseguindo dar ré - "Acho que não é bem isso..." pensou Ele. O caminhão agora tentava ir para a frente. O outro cara consultava mais uma vez o relógio. Nada - Mas o que ele quer fazer? - Repetiu para si mesmo o outro cara. Então, o caminhão começou a dar ré, até livrar a pista. Nesse momento os dois já estavam próximos do mesmo. O caminhão parou e os dois passaram pelo lado direito do mesmo e pela grama molhada. Ele sentiu o tênis molhando e praguejou em silêncio. - Mas o que ele ta querendo fazer... - Pensou alto o outro cara.
   - Não faço a menor ideia.
   Seguiram andando. Agora faltava pouco mais de 20 metros para a parada.
   - Puta merda... - praguejou novamente o outro cara e depois olhou o relógio - Tinham três ônibus parados em cima do viaduto... se eu tivesse corrido até eles, eles talvez deixassem eu entrar... - E lá se iam os ônibus.
   - Porra! É verdade. - Concordou.
   - Merda...
   Continuaram caminhando.
   - Cara, eu vou dar uma corrida até a parada. - o outro cara falou assim que olhou para trás, viu um ônibus descendo o viaduto e olhando o relógio pela enésima vez - A gente se fala. - E saiu correndo.
   - Falou.
   Assim que o outro cara se distanciou uns 5 metros, lá vinha o ônibus que Ele esperava. "puta que me pariu..." pensou. Não havia o que se fazer. O ônibus passava com velocidade e o transito era impossível de atravessar sem ser atropelado pelo menos duas vezes. Fora que não era garantido que o ônibus o pegasse ali, já que não era ponto. Seguiu caminhando e o ônibus sumindo em direção ao seu destino.
   Chegou na parada, agora tinha a pior parte: atravessar a rodovia. Uma enorme tripa de carros de um lado e do outro também. Não só carros, mas ônibus, caminhões, vans...
   1 minuto depois, conseguiu uma brecha e atravessou.
   Chegou na parada, finalmente. Consultou o relógio: 8:20. "Demorou mais do que eu pensava pra chegar aqui" pensou. Olhou ao redor. Cerca de 15 pessoas na parada. jovens, adolescentes, velhos Cada um com seu destino e suas vidas. Viu que uma guria ruiva tinha uma bela bunda. Legal.
   Os ônibus começaram a chegar. "Parque Marinha", "Quinta"... Não era nenhum desses... Pessoas subiram, outras desceram. "Parque São Pedro" "Tá de sacanagem com a minha cara! Acabei de vir daí...". Passou direto.
   Esperou mais uns cinco minutos, talvez. "P09 - Cassino". "Aleluia!". Fez sinal. O ônibus parou. mais da metade das pessoas subiram, inclusive a ruiva bunduda. Ônibus lotado, teve que ficar de pé. assim como a maioria que entrou.
   A viagem foi tranquila. Chegando no Cassino, umas 7 pessoas se levantaram para descer na mesma parada. Mas todo mundo pensou que o outro tinha dado sinal, então, todos desceram na parada errada. Praguejavam, mas riam ao mesmo tempo "Que bando de abobado" um dos que perderam a parada dizia e todos riam. duas paradas depois, Ele desceu e foi a pé até em casa. Não tinha pressa e chegou em casa tranquilamente.
   Já o outro cara

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Adeus


Lá se vai a única coisa boa que o rádio me apresentou na vida.
Lá se foi uma alma representada através de melodias, escalas e notas
Lá se foi a única ARTISTA que estava sempre presente na mídia nos dias de hoje
Lá se foi a encrenqueira
Que não queria nada de mais, apenas beber (e outras coisas) em paz
E aqui se ficam apenas as lembranças, fotos, vídeos e canções
Adeus

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Assombrado

Vento que não uiva
brisa que não refresca
gela
arrepia

Calor que não esquenta
Mas faz suar
gela
arrepia

O ponto que arde no crânio
denuncia o onde

tensão
impressão
observação
inquietação
observação
impressão
tensão

Conexão

Real ou imaginário?

Não sei

Mas existem

sábado, 16 de julho de 2011

Não sei

Sentado nesse canto escuro
úmido
rodeado por fantasmas demonios espiritos
talvez
não sei

é por opção
solitária opção
mas não quero
quero estar com você

sozinho as ideias clareiam
com você
colorem

leveza

aqui peso cento e noventa quilos
apenas trinta
mas as vezes fico
Sentado nesse canto escuro
úmido
rodeado por fantasmas demonios espiritos
talvez
não sei

ou sei
mas não admito

sexta-feira, 15 de julho de 2011

free talk

Até o fim do ano, o blog vai ficar em segundo plano (Isso é doloroso pra mim).
É que estou escrevendo o roteiro de um jogo de videogame, e estou sendo pago para isso, por tanto, não posso vagabundear, correto?

Mas sempre que sobrar um tempinho, eu posto algo aqui.

Abraços,
Pedro

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Na Contramão

Daqui de cima eu posso ver
como tudo mudou
ao passo que
tudo permanece

Todos refletem o que acontece
mas esquecem quando apertam um botão
quando tem a chance de falar
apenas nada a declarar

Sentimento traduzidos
em palavras saturadas
Da poesia de esquina
de um bar embriagado

ando na contramão
da não-ação
de palavras de amor
sem nenhum valor
na contramão
da não-reflexão
de um colorido
sem sentido
na contramão