terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - Mônica e Alfredo pt.3

    Alfredo passou o dia inteiro mexendo no celular. Fuçava. Ria. Fuçava novamente. Ria mais um pouco. Se pudessem, os outros rapazes o matariam. Ali. Naquele momento. Outros passaram a respeitá-lo. Instantaneamente. José, por exemplo, foi até ele com um sorriso no rosto. “Respeito.”, ele disse. Cerrou o punho e deu um soquinho no punho também cerrado do Alfredo. Outros, pareciam mulherzinhas invejosas. Só faltavam fazer aquelas caras de nojo e levantar o nariz. Eu fiquei pensando que nunca, jamais, em hiótese alguma eu veria alguém invejando o Alfredo no quesito “mulher”. Acho que fiquei com um pouco de inveja também, não sei dizer. Mas não acreditava em eus olhos. Isos que eu era o único da loja que se podia dizer que era amigo dele. Na verdade, eu era o único cara que conversava com ele. Bem, depois do José, ao dizer “respeito”, eu era o único.
    Algumas das “marias invejosas” vieram me perguntar se eu sabia o que diabos se passava.
    - Ah, não fode, meu. Pra que esconder? Fala aí
    - Não sei, cara.
    - Tu és o único que conversa com esse cara. Vamos, diga o que há, sim?
    - Não sei, cara.
    - Aff...
    Simplesmente não acreditavam em mim.
    E assim foi, até Alfredo encerrar seu expediente. Ele me deu tchau e me abraçou.
    - O que tu vais fazer? - Perguntei.
    - Vou me encontrar com ela... - ele estava muito nervoso – Na casa dela. - Acho que fiquei nervoso quandoe ele disse isso. Nervoso por ele. Inveja também. Definitivamente. E embasbacado.
    - B-boa sorte...
    - Valeu... Amanhã eu te conto como foi.
    - Não tem expediente.
    - Tomando um chopp.
    - Ah, ok então. - nunca tinhamos combinado nada disso.
     Todos os fatos agora não foram presenciados por mim, e sim relatados.
    Alfredo foi no café da Clô e repetiu o pedido da manhã. Deixou mais da metade no prato e nem tocou no café. Quinze minutos depois estava na frente da casa dela.
    Era um sobrado bege com porta e janelas brancas. Tocou a campainha e esperou. Suas mãos tremiam. Barulho de chave na porta. Ele tinha pedido para a menina matar aula e ela acatou. Ele suava. Ela abria a porta com um sorriso no rosto. Alfredo entrou.
     Uma hora depois, os dois sairam da casa dela. Caminhavam pela rua. Riam.
    - Se eu soubesse que tu eras assim, Alfredo, já podíamos ter feito isso mais vezes.
    - Desculpe, é que só hoje eu consegui criar a coragem.
    - Sou tão horrível assim de encarar que é preciso criar coragem? - Ela fez beicinho.
     - NÃO! Não... Muito pelo contrário... - Ele suava.
    - Estou brincando, seu bobo. - ele ficou aliviado – Onde vamos agora? - ela pegou em sua mão e fez uma carinha de anjo.
    - Deixa eu ver que horas são... - consultou o relógio – Está perto do pôr-do-sol. Sei de um lugar ótimo! Vem comigo! - Puxou-a pela mão e apertou o passo.
    Chegaram ao pé do edifício mais alto da cidade, o Léfè. 60 metros de altura. Entraram e dirigiram-se até o elevador.
     - A coisa mais romântica que fizeram comigo foi me levar no shopping pra comer pipoca e assistir a um filme de comédia. - Ela deu uma risada.
     - Crianças... Eu posso te garantir que hoje vais er inesquecível – Deu um sorriso que derretou na hora o coração da menina.
     Entraram no elevador.

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