sábado, 15 de setembro de 2012

A canção que nunca saiu de moda



Ele assistia
Enquanto o resto
Apenas passava

Para lá
e para cá

A pé
De carro
De moto
A cavalo
De carroça
E até mesmo
Bicicleta

Indo e vindo

Buzinavam
Cantavam
Pneus
Xingavam
Gritavam
Ficavam mudos
Ou sonorizavam
Com seus passos

Tum-tum-tum
tom-tom-tom
toc-toc-toc
tchac-tchac-tchac

Numa canção
atonal
sem harmonia
ou melodia
nem letra tinha

Mas, aparentemente
todos queriam tocar
e cantar
A maldita canção

E ele continuava
Apenas a observar
e a batucar
num samba sem ritmo
batucado em um chaveiro
de couro preto

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O rabisco na prancheta da demência


“Pescador tem que ser pescador”
Assim como a vaca
Que come o pasto
dentro de um cercado

Ou como os peixes
dentro de um aquário
Em um movimento estúpido
para cima
para baixo
para o lado
para o outro
circulando
estagnado
numa dança escrota
sem sair do lugar
Esperando a comida
uma vez
por dia
Apenas para serem
admirados
A distância,
é claro

E eles possuem
um pós-doutorado

e uma prancheta
E os observam

Por que ele não pode ser
um professor universitário?