domingo, 26 de maio de 2013

July, a loirinha e eu

         Foi um bocado complicado prender a July de novo. Ela estava mais forte, o que fazia sentido, pois tinha feito um banquete. Não sobrou muito da loirinha. Não consigo sentir remorso, entende? A imagem dela chorando no chão, segurando o pulso que eu quebrei com a barra de ferro, espoca na minha cabeça pelo menos uma vez a cada duas horas. Entretanto, é tudo muito estranho, é como se fosse a imaginação trabalhando em cima de uma história que me foi narrada. É como se não tivesse sido eu... É como se tivesse acontecido em um filme. Não sinto culpa, não sinto remorso e nem excitação. Um vazio que, ao contrário dos vazios - que dilaceram o peito - este não me causa impacto algum. É como se algo dentro de mim tivesse deixado de existir. Sei que eu normalmente sentiria algo, que eu teria vontade de chorar, que eu teria vontade de vomitar, ao ver aquele monte de sangue e pedaços da massa encefálica no assoalho do corredor, na barra de ferro e na minha camiseta; É como se eu tivesse feito algo corriqueiro, como pegar o controle remoto pra ligar a TV, ou como se eu estivesse cansado e decidisse sentar.
         Ainda não sei por que a dei de almoço para a Juliana. Acho que eu queria ter certeza de que a loirinha estivesse morta... Ou melhor, de que ela iria morrer. Penso que no fundo no fundo, eu não queria tirar a vida dela, então, fiz isso pra amenizar a culpa dentro de mim.

         O que funcionou, eu acho.

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