Os meus olhos me traíram
e eu caí nessa imensidão
Doce mel do polem
profundo espinho da rosa
Uma fortaleza me cercava
feita de areia da praia
fora destruída pelas ondas
dos teus beijos
da tua carne
da tua'lma
Juro que recolhi a ponte
que arremessei os crocodilos ao foço
e enquanto escalavas as muralhas
com escadas improvisadas
eu despejava o óleo fervente
Os teus olhos me invadiram
Os meus olhos me traíram
Doce Armadilha
Doce paixão
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Parábola
De que me adianta o olhar expressivo
Se ele se comunica por parábola?
E a língua adormece
com a boca congelada
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
O Suplício da Insegurança
A insegurança assola as almas perdidas
e danifica a mente que perde a vida
O coração que bate acelerado
lançando cubos de gelo
no sangue amedrontado
O calor se esvai por feridas na alma
gela o corpo
derrete o ser
E o que resta é a carcaça esfarrapada e maltrapilha
que anseia pelo dia de amanhã
E as palavras mudas que retumbam em sua cabeça
escorrem pelo ralo de
seu âmago
despejando-se n'ontem
Suplicando pelos rumos
de todo o instante
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Chainsaw Gore Tenebris
A
motosserra rugia no galpão de madeira empoeirado. O cheiro de diesel queimado e
expelido do motor exalava trazendo não apenas uma marcha macabra -
róóóón-tan-tan-tan-tan-tan - mas o perfume do terror. Carla tapou a boca com as
duas mãos. Estava escondida atrás de um tonel de latão enferrujado. A
iluminação do recinto era o luar que invadia por entre as venezianas e os
espaços presentes entre as tábuas, que davam forma as paredes do galpão. A
poeira que voava devido ao vento era iluminada pelo luar e girava e caía e
subia, dançando com a sinfonia da motosserra. Ritmo compassado, marcado.
"Róóóón-tan-tan-tan-tan-tan". O lunático com a serra caminhava
lentamente a passos curtos e pesados, deixando grandes pegadas no chão
empoeirado e, assim, trazendo novas partículas dançarinas ao espetáculo
flutuante.
Carla
ouviu o demente se distanciar em direção aos fundos do galpão. Era a sua deixa.
Rezava. Pedia forças. Comandava as pernas, porém, elas teimavam em apenas
tremer e manterem-se atarraxadas e soldadas ao chão. Respirou fundo, mas, com
todo o cuidado do mundo, para que o desgraçado não fosse capaz de ouvi-la.
Enfim,
quando os sons dos passos cessaram, deixando apenas o rugido da motosserra, a
mulher conseguiu reunir forças e se levantou. Pôde ouvir o maníaco girar sobre
o próprio eixo, mas já não importava mais. Não era mais o momento de hesitar.
Correu! Correu como nunca correra antes em sua curta vida. Sentia medo como
nunca antes sentira na sua curta vida. Vinte anos, não encontrara o príncipe
encantado ainda, no entanto, sabia muito bem que os sapos estavam por toda a
parte; Lutava pela vida como nunca antes o fizera. E aqueles malditos quatro
metros até a porta do galpão pareciam quatro quilômetros. Os dois segundos de
toda essa ação, pareciam duas horas.
Foi
então que Carla sentiu o metal aquecido pelo motor sendo enterrado em suas
costas, acompanhado de um baque muito forte que a jogou no chão. Carla berrava
de dor e desespero. O filho da puta havia arremessado aquela maldita motosserra
em suas costas, que sentia a omoplata sendo destroçada junto com os músculos,
tendões e cartilagens. A serra não parava de girar e cortava como faca na
manteiga. O sangue escorria quente, a mulher urrava e o assassino caminhava
lentamente em sua direção.
sábado, 5 de outubro de 2013
As formas e linhas da vida
Transcreva as formas e linhas da vida e torne-se um poeta
Admire-se com o belo e com o nunca visto antes
Se apaixone e diga a todos o quanto isso tudo vale a pena
sinuosamente
Decepcione-se, pois nada passa de filosofia de boteco
Profetizadas por quem nunca sentiu a ardência no estômago
por quem nunca esteve na beira do abismo da insanidade
Os verdadeiros dementes
Tomadas como verdades absolutas
e disseminadas como vírus
Exile-se e derreta o seu cérebro com a chama mais fulgurosa
com o líquido mais ácido
Tenha rancor
guarde mágoas
Transcreva as formas e linhas da vida e
finalmente
torne-se um poeta
Admire-se com o belo e com o nunca visto antes
Se apaixone e diga a todos o quanto isso tudo vale a pena
sinuosamente
Decepcione-se, pois nada passa de filosofia de boteco
Profetizadas por quem nunca sentiu a ardência no estômago
por quem nunca esteve na beira do abismo da insanidade
Os verdadeiros dementes
Tomadas como verdades absolutas
e disseminadas como vírus
Exile-se e derreta o seu cérebro com a chama mais fulgurosa
com o líquido mais ácido
Tenha rancor
guarde mágoas
Transcreva as formas e linhas da vida e
finalmente
torne-se um poeta
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