terça-feira, 15 de outubro de 2013

Chainsaw Gore Tenebris

                A motosserra rugia no galpão de madeira empoeirado. O cheiro de diesel queimado e expelido do motor exalava trazendo não apenas uma marcha macabra - róóóón-tan-tan-tan-tan-tan - mas o perfume do terror. Carla tapou a boca com as duas mãos. Estava escondida atrás de um tonel de latão enferrujado. A iluminação do recinto era o luar que invadia por entre as venezianas e os espaços presentes entre as tábuas, que davam forma as paredes do galpão. A poeira que voava devido ao vento era iluminada pelo luar e girava e caía e subia, dançando com a sinfonia da motosserra. Ritmo compassado, marcado. "Róóóón-tan-tan-tan-tan-tan". O lunático com a serra caminhava lentamente a passos curtos e pesados, deixando grandes pegadas no chão empoeirado e, assim, trazendo novas partículas dançarinas ao espetáculo flutuante.
                Carla ouviu o demente se distanciar em direção aos fundos do galpão. Era a sua deixa. Rezava. Pedia forças. Comandava as pernas, porém, elas teimavam em apenas tremer e manterem-se atarraxadas e soldadas ao chão. Respirou fundo, mas, com todo o cuidado do mundo, para que o desgraçado não fosse capaz de ouvi-la.
                Enfim, quando os sons dos passos cessaram, deixando apenas o rugido da motosserra, a mulher conseguiu reunir forças e se levantou. Pôde ouvir o maníaco girar sobre o próprio eixo, mas já não importava mais. Não era mais o momento de hesitar. Correu! Correu como nunca correra antes em sua curta vida. Sentia medo como nunca antes sentira na sua curta vida. Vinte anos, não encontrara o príncipe encantado ainda, no entanto, sabia muito bem que os sapos estavam por toda a parte; Lutava pela vida como nunca antes o fizera. E aqueles malditos quatro metros até a porta do galpão pareciam quatro quilômetros. Os dois segundos de toda essa ação, pareciam duas horas.

                Foi então que Carla sentiu o metal aquecido pelo motor sendo enterrado em suas costas, acompanhado de um baque muito forte que a jogou no chão. Carla berrava de dor e desespero. O filho da puta havia arremessado aquela maldita motosserra em suas costas, que sentia a omoplata sendo destroçada junto com os músculos, tendões e cartilagens. A serra não parava de girar e cortava como faca na manteiga. O sangue escorria quente, a mulher urrava e o assassino caminhava lentamente em sua direção.

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