quinta-feira, 9 de agosto de 2012

"Nombarath Vs Ishtar" parte 5 de 7


            - Não pode ser possível isso... Mas como? – Indagava Leonora – Não é só a história, Lana... O romantismo... A paixão... As palavras de carinho.... É tudo isgual! Tal qual! Tim-tim por Tim-tim!
            - O pior é que eles sempre escreveram a máquina, então não dá pra saber se...
            - Estás dizendo que... Que não são eles que escrevem essas cartas?
            - Eu não sei... Mas, se for isso mesmo, qual o propósito? Será que... – Alana sentiu os olhos marejarem e a voz começou a embargar – Será que eles...
            - Ai, amiga... – Leonora disse com a voz sumida – Ai meu Deus... – Leonora abraçou a amiga e, assim, ambas iniciaram o pranto.
            - E se... E se eles...
            - Cala a boca! Não! Isso não! – Repetia Leonora enquanto chorava.
            Após um tempo, depois de estarem um pouco mais calmas, retomaram a conversa.
            - Mas porquê estão fazendo isso? QUEM está fazendo isso? – Questionou Alana.
            - Bem, nós estamos trabalhando no lugar dos homens... É possível que quem está fazendo isso, o está fazendo para que continuemos focada no trabalho, sem nos deixar abater... Sem que faltemos... Para não prejudicar a nação... – Sugeriu Leonora.
            - Foda-se a nação, Leonora! – Protestou a amiga – Eu quero o Ranzo do meu lado!
            - Eu também quero o Thânos aqui comigo, mas... Acho que devemos erguer nossas cabeças e seguirmos fazendo nosso dever cívico e honrar o nosso país e Nosso Querido Soberano.
            - Como tu consegues pensar assim, Leonora? O Thânos pode estar MORTO! – Gritou Alana.
            - Eu sei, merda! E tu achas que isso não dói em mim? Mas de que adianta se Nombarath for destruída? Nós todos morrermos! – Contra-argumentou.
            - Mas estão mentido para nós, Leonora!
            - É para o nosso bem. – Respondeu com firmeza e serenidade. – Nosso Querido Soberano vai cuidar de todos nós. A vida seguirá e nós sairemos vitoriosos.
            Com a pontualidade de um relógio atômico, todos os aparelhos televisores da cidade de Namkarath, como de costume, são ligadas automaticamente, dessa vez, para o pronunciamento do meio dia. Como de praxe, o aviso de que aquele pronunciamento oficial está sendo transmitido para toda a nação apareceu na tela.
            - Vocês não vão vir assistir, meninas? – Vovô Nikolai gritou, direto do primeiro andar, onde fica a sala de estar da casa da Alana.
            - Bem que eu estava me sentindo estranha... – Comentou Leonora – Vamos lá ver? – Alana estava incrédula com a frieza da amiga. Não tinha vontade de fazer nada. Na verdade, daria tudo para que estivesse no meio do fogo cruzado da guerra e que uma bala acertasse o seu peito, ou que uma espada cortasse sua cabeça.
            Assim que Leonora foi em direção à porta do quarto, Alana constatou que também se sentia estranha por não estar na frente da televisão naquela hora e sentiu que suas pernas queriam mandá-la para lá. Sentia-se mecânica quando de fato estava de pé e descendo as escadas. Ao chegar na sala, Leonora já estava sentada ao lado do Seu Nikolai. Com medo que o vovô visse suas lágrimas, preferiu ficar de pé e escorada no batente da porta.
            - Meus preciosos cidadãos e cidadãs! Eu, Zhalmyr Aquilinoyev, terceiro de seu nome, saúdo vocês! – e fez uma reverência, curvando-se, como um ator faz ao final da peça no teatro – Devido as boas notícias dessa manhã, eu venho aqui, humildemente pedir para que vocês façam uma jornada de meio turno hoje. Vamos todos juntos ajudar nossos soldados a conduzir nossa Nação à glória. Demonstremos empenho e rumemos ao triunfo! Vida longa a Nombarath!  - Disse com demasiado entusiasmo essa última frase.
            Assim, a transmissão se encerra e a televisão automaticamente se desliga. Leonora se levanta e vai em direção à amiga. Pela cara da amiga, Leonora pôde constatar de que a melhor amiga não estava presente. Ali se encontrava apenas uma carcaça, com o espírito destruído e a mente exilada em outra dimensão.
            - Vamos, Lana. O dever nos chama.
            Quando Alana voltou a si, estava na rua, indo para a fábrica. Então pensou “O que é que eu faço lá?”

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