- Não pode
ser possível isso... Mas como? – Indagava Leonora – Não é só a história,
Lana... O romantismo... A paixão... As palavras de carinho.... É tudo isgual!
Tal qual! Tim-tim por Tim-tim!
- O pior é
que eles sempre escreveram a máquina, então não dá pra saber se...
- Estás
dizendo que... Que não são eles que escrevem essas cartas?
- Eu não
sei... Mas, se for isso mesmo, qual o propósito? Será que... – Alana sentiu os
olhos marejarem e a voz começou a embargar – Será que eles...
- Ai,
amiga... – Leonora disse com a voz sumida – Ai meu Deus... – Leonora abraçou a
amiga e, assim, ambas iniciaram o pranto.
- E se... E
se eles...
- Cala a
boca! Não! Isso não! – Repetia Leonora enquanto chorava.
Após um
tempo, depois de estarem um pouco mais calmas, retomaram a conversa.
- Mas
porquê estão fazendo isso? QUEM está fazendo isso? – Questionou Alana.
- Bem, nós
estamos trabalhando no lugar dos homens... É possível que quem está fazendo
isso, o está fazendo para que continuemos focada no trabalho, sem nos deixar
abater... Sem que faltemos... Para não prejudicar a nação... – Sugeriu Leonora.
- Foda-se a
nação, Leonora! – Protestou a amiga – Eu quero o Ranzo do meu lado!
- Eu também
quero o Thânos aqui comigo, mas... Acho que devemos erguer nossas cabeças e
seguirmos fazendo nosso dever cívico e honrar o nosso país e Nosso Querido
Soberano.
- Como tu
consegues pensar assim, Leonora? O Thânos pode estar MORTO! – Gritou Alana.
- Eu sei,
merda! E tu achas que isso não dói em mim? Mas de que adianta se Nombarath for
destruída? Nós todos morrermos! – Contra-argumentou.
- Mas estão
mentido para nós, Leonora!
- É para o
nosso bem. – Respondeu com firmeza e serenidade. – Nosso Querido Soberano vai
cuidar de todos nós. A vida seguirá e nós sairemos vitoriosos.
Com a
pontualidade de um relógio atômico, todos os aparelhos televisores da cidade de
Namkarath, como de costume, são ligadas automaticamente, dessa vez, para o
pronunciamento do meio dia. Como de praxe, o aviso de que aquele pronunciamento
oficial está sendo transmitido para toda a nação apareceu na tela.
- Vocês não
vão vir assistir, meninas? – Vovô Nikolai gritou, direto do primeiro andar,
onde fica a sala de estar da casa da Alana.
- Bem que
eu estava me sentindo estranha... – Comentou Leonora – Vamos lá ver? – Alana estava
incrédula com a frieza da amiga. Não tinha vontade de fazer nada. Na verdade,
daria tudo para que estivesse no meio do fogo cruzado da guerra e que uma bala
acertasse o seu peito, ou que uma espada cortasse sua cabeça.
Assim que
Leonora foi em direção à porta do quarto, Alana constatou que também se sentia
estranha por não estar na frente da televisão naquela hora e sentiu que suas
pernas queriam mandá-la para lá. Sentia-se mecânica quando de fato estava de pé
e descendo as escadas. Ao chegar na sala, Leonora já estava sentada ao lado do
Seu Nikolai. Com medo que o vovô visse suas lágrimas, preferiu ficar de pé e
escorada no batente da porta.
- Meus preciosos
cidadãos e cidadãs! Eu, Zhalmyr Aquilinoyev, terceiro de seu nome, saúdo vocês!
– e fez uma reverência, curvando-se, como um ator faz ao final da peça no
teatro – Devido as boas notícias dessa manhã, eu venho aqui, humildemente pedir
para que vocês façam uma jornada de meio turno hoje. Vamos todos juntos ajudar
nossos soldados a conduzir nossa Nação à glória. Demonstremos empenho e rumemos
ao triunfo! Vida longa a Nombarath! -
Disse com demasiado entusiasmo essa última frase.
Assim, a
transmissão se encerra e a televisão automaticamente se desliga. Leonora se
levanta e vai em direção à amiga. Pela cara da amiga, Leonora pôde constatar de
que a melhor amiga não estava presente. Ali se encontrava apenas uma carcaça,
com o espírito destruído e a mente exilada em outra dimensão.
- Vamos,
Lana. O dever nos chama.
Quando
Alana voltou a si, estava na rua, indo para a fábrica. Então pensou “O que é
que eu faço lá?”
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