Era uma vez
um mundo dividido entre duas nações: Akron e Rahtmahatra. Ambos são inimigos
mortais desde os primórdios de sua existência. As lutas começaram por algum
motivo, mas ninguém lembra mais. Há várias suposições e lendas. Algumas falam
sobre o assassinato da princesa Sahadia, de Rahtmahatra, por agentes de Akron;
outros falam que ambos seguiam os mesmos costumes e viviam como uma só nação,
uma utopia da qual uma enorme minoria, que é perseguida em ambas nações,
relembra e saúda com uma confusão de que não se sabe se é saudosismo ou apenas
um sonho de algo que possa vir a ser atingido num futuro longínquo, porém, um
messias nasceu e Rahtmahatra considerou-o falso, Akron verdadeiro; Bardos do
submundo cantam, com bastante humor, que as nações começaram a brigar por
discussões banais, como o ruído que a mulher Akroniana fazia ao comer ou a
falta de banho dos Rahtmahatrianos ou, ainda, como deveria ser preparada a
verdadeira maionese.
Enfim, não
se sabe mais. Sabe-se apenas que tudo é motivo para novo massacre, novos
estupros, novas torturas, novas formas de matar gastando menos recursos,
munição e tempo. A televisão fazia folhetins com histórias românticas
envolvendo personagens que moram em zona de guerra, para sensibilizar os
corações dos mais alheios; Nos jornais, noticias das mortes, mesmo as mais
sensacionalista, tornaram-se parte da rotina, tanto que, quando anunciam apenas
dois, o sentimento é de “apenas dois”; No entretenimento, a arte da guerra, em
versão eletrônica, com super soldados que nunca morrem, ou regeneram seus
pontos de vida, apenas afastando-se do perigo, por poucos segundos (e sem
dificuldade de locomoção alguma!), para logo voltar ao combate, com o mesmo
ímpeto, com o mesmo tesão, e com a mesma sensação de prazer.
Então, um
dia, essa raça humana fez contato com vida inteligente vinda dos confins do
universo. A ideia de fazer contato sempre foi algo tido com êxtase, entusiasmo
e, principalmente, medo. Medo do desconhecido. Medo do que viria a ser. Medo de
que, será que essa raça suprema, essa raça humana, topo da cadeia alimentar,
encontraria uma espécie exótica, que viria para o seu meio, e, assim, como um
simples salmão, retirado do Atlântico e jogado no Pacífico causaria um distúrbio
de alimentação e reprodução na raça natural do habitat, extinguindo-a de forma
rápida e brutal?
Bem,
pode-se dizer que foi o que quase aconteceu. Esses seres eram, inesperadamente,
muito semelhantes a raça humana, porém, eram mais belos, mais fortes, mais
inteligentes e se adaptavam melhor as condições do nosso planeta. Eles vinham
buscando um novo lar, e essa poeirinha no meio do universo, de coloração azul,
ao se aproximar, após passar por dezenas de milhares de milhões de mundos
inóspitos, serviria mais do que perfeitamente. O segredo, não era exatamente
que ELES eram mais fortes, mais bonitos e mais inteligentes, mas, de alguma
forma, esse planetinha fazia com que eles acabassem sendo, tamanha
compatibilidade. A conquista seria questão de tempo, afinal, os habitantes já
estavam divididos e cansados. Cansados de tanto lutar entre si.
Com tudo,
houve o inesperado. A união se fez. Akron e Rahtmahatra, depois de tanto
lutarem, seja pelo messias, seja pela maionese, ou pela princesa assassinada,
uniram-se novamente, como diziam as lendas/lorotas. Uniram-se, e, dessa forma,
de alguma forma!, conseguiram o impossível. Venceram a batalha contra os seres
extraterrestres. Bardos cantavam sobre os feitos dos heróis, um em específico foi
o responsável por liderar os soldados na missão mais difícil, delicada e
crucial de todas, além de todas as desvantagens e perigos sendo exaltados nas
canções; Jornais celebravam a paz e frisavam a importância da união; Folhetins
com histórias românticas, envolvendo casais Akronianos e Rahtmahatrianos, em
zonas de guerra sensibilizavam, dessa vez, não somente aos mais alheios, e
aquela minoria que era perseguida, passou a ser eleita como governantes por
seus perseguidores.
Assim,
chegaram a paz.
Porém,
parece, começaram a discutir, novamente, sobre a falta de banho dos Rahtmahatrianos
e o ruído que as Akronianas faziam ao comer.
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