As alunas não vieram
E eu mato tempo escrevendo
Ganhando ânimo
achando que um dia
vou escrever algo
que vá mudar a vida de alguém
como os escritores de verdade fazem
Aprendi que a poesia não precisa de rima
Aprendi que para escrever poesia
tu precisas é de um par de bolas
seja no teu peito
ou que fiquem alojadas lá embaixo
entre as pernas
Eu não sei rimar
Mas tenho bolas
Ou pelo menos enfio a cara e espero o tapa
o soco e o chute
de olhos abertos
domingo, 28 de abril de 2013
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Merda em 2 atos
Ato 1
Afinal de contas
Que merda eu estou fazendo?
A merda do mundo enlouqueceu
E eu querendo mandar tudo a merda
Escrevendo poemas
Afinal de contas
Que merda eu estou fazendo?
*********************************************************************************
Ato 2
O mundo enlouqueceu
Daqui a pouco a nova MPB
está no topo da Billboard
E eu escrevendo poemas
xingando essa porra toda fodida
para que meia duzia leia e concorde
Não sei se para puxar o saco
Afinal, puxar o saco de "poeta"
É mais sem sentido do que a merda do mundo que enlouqueceu
É para não perder o amigo?
...
Mas o mundo não vai mudar
Meus poemas ninguém vai comprar
Porque, no fim, eu nem sei rimar
Mesmo rimando
Afinal de contas
Que merda eu estou fazendo?
Afinal de contas
Que merda eu estou fazendo?
A merda do mundo enlouqueceu
E eu querendo mandar tudo a merda
Escrevendo poemas
Afinal de contas
Que merda eu estou fazendo?
*********************************************************************************
Ato 2
O mundo enlouqueceu
Daqui a pouco a nova MPB
está no topo da Billboard
E eu escrevendo poemas
xingando essa porra toda fodida
para que meia duzia leia e concorde
Não sei se para puxar o saco
Afinal, puxar o saco de "poeta"
É mais sem sentido do que a merda do mundo que enlouqueceu
É para não perder o amigo?
...
Mas o mundo não vai mudar
Meus poemas ninguém vai comprar
Porque, no fim, eu nem sei rimar
Mesmo rimando
Afinal de contas
Que merda eu estou fazendo?
domingo, 21 de abril de 2013
Encerramento
Franco despertou frustrado naquele
dia. O caso havia se encerrado a mais de cinco anos, mas seu subconsciente
volta e meia resolvia pregar-lhe uma peça. Era sempre a mesma coisa. Chegava ao
lugar onde a pessoa estava. Quando a avistava, sentia o cérebro remoendo.
Dizia-lhe “Afaste-se! Não faça contato”. Da primeira vez conseguia resistir a
tentação, entretanto, logo a pessoa aparecia na sua frente novamente, e ele não
conseguia resistir.
- Pô... Faz tempo que não vens me
visitar, heim?! – E a pessoa abria um sorriso extremamente convidativo e
simpático.
- Desculpe-me, mas é que eu fico
meio sem jeito de aparecer e... – Respondia encabulado.
- Que é isso... Podes vir. Sabes que
estás sempre convidado. As portas estão abertas. – A pessoa não desmanchava o
sorriso.
Sentia, sobretudo, admiração. Era
uma pessoa fantástica. E se emocionava sempre durante esses sonhos.
Porém, o despertar era sempre
frustrante, melancólico... Como uma manhã chuvosa do mês de junho.
Franco levantava da cama e esta
sensação lhe corroia durante o dia inteiro. Por vezes, levava um ou dois dias
para amenizar. Durante os primeiros meses, após a despedida, os sonhos eram
muito frequentes – quase que diários – mas o passar do tempo foi suprimindo a
periodicidade. Três anos depois, a ocorrência era apenas semanal, e hoje
quinzenal.
Apesar de toda a frustração, sentia,
no fundo da alma, que gostava dos sonhos. Não sabia o porquê. Talvez fosse uma
forma de manter contato com um passado distantemente recente. Sentia que não
valia a pena ficar pensando a respeito porque se o fizesse enlouqueceria, e
quando não o fazia, enlouquecia.
Sentia que deveria ir até lá. Que o
estavam chamando. Já era hora de um verdadeiro encerramento. Determinou-se.
Criou coragem. Tomou seu café...
E a vontade passou.
terça-feira, 9 de abril de 2013
As Crônicas de Folsom - A estrada de ferro pt. 3 de 3
-
Eu estou em um trem? É isso? – Perguntou para aquela figura infernal que sorria
exibindo, no mínimo, o triplo de dentes que um ser humano possui, sendo todos
pontiagudos e perfeitamente (e assustadoramente) brancos.
-
Isso mesmo, gênio! – Zombou e caiu numa gargalhada grave e desprovida de senso
de humor genuíno. Era algo mais compulsivo e insano, mostrando a Billy que era
a mesma que ele ouvia anteriormente e encerrando o mistério de sua origem.
-
Mas o que diabos eu estou fazendo aqui?! Eu estava no meu caminhão e...
-
Com licença, senhor. – alguém lhe falou enquanto cutucava o seu ombro direito
por trás. Era possível sentir o fio de uma garra afiadíssima. Billy girou
sobressaltadamente sobre seus calcanhares e viu um homem trajando um smoking
negro finíssimo, gravata borboleta, cabelo e barba aparados impecavelmente...
Porém sua pele era tão pálida que chegava próxima a uma tonalidade azulada.
Tinha os olhos totalmente negros e as garras, que agora se revelavam presentes
em cada um dos seus seis dedos das duas mãos, tinham todas uma tonalidade
escarlate e um brilho que, ao oposto do que a cor sugeria, carregava uma
sensação gelada que subia pela espinha de qualquer um. – O senhor gostaria de
um charuto ou de alguma bebida? – Perguntou com um tom convincentemente e
extremamente educado e sincero. Sua voz era suave mas penetrante. Não se podia
dizer se era uma voz grave ou aguda de mais. Era um equilíbrio perfeito.
-
Mas, afinal, onde estou? – Só conseguiu pensar nisso.
-
O senhor se encontra na ferrovia Thunder Dope. Estamos a bordo do Caronte III a
caminho do Styx. – e lhe sugeriu o charuto e uma garrafa de licor. Billy
estacou por um momento sem dizer nada.
Nessa
fração de mudez, só se ouvia a gargalhada daquela criatura que utilizava roupas
de maquinista.
Então,
Billy deu de ombros e pegou um dos charutos e a garrafa.
-
E quem é você? O Diabo, eu presumo...
-
Oh, não senhor, não... Sou apenas um humilde condutor... – E estalou os dedos.
Na escuridão do fundo do vagão, abriu-se uma porta. Selvagens labaredas lambiam
o vão da mesma, cuspindo de suas entranhas uma silhueta que se aproxima a
passos hesitantes. Um par de saltos altos ressoava. Era possível distinguir que
os contornos pertenciam a uma mulher e, gargalhadas depois, que já haviam saído
da zona do “aterrorizante” e caminhado, diferentemente da mulher, a passos
largos e decididos para a margem do “irritante”, podia-se distinguir os seus
traços com detalhes.
Era
uma jovem com cabelos ruivos – laranjas como carvão em brasa. Seus olhos verdes
como esmeraldas exibiam uma expressão de profunda agonia e manchas de lágrimas
de sangue, já negro, pútrido e coagulado, escorriam dos olhos até a ponta do
queixo. No entanto, ostentava um lindo sorriso. Dir-se-ia que era a mulher mais
feliz do mundo. Entretanto, fungava e soluçava como fazem os chorosos, o que
tornava o sorriso algo misticamente congelado e amarelo. Vestia um collant
preto, saltos altos, uma gargantilha com espinhos de ossos, e possuía um lindo
corpo. Diferente do maquinista e do condutor, tinha um aspecto totalmente
humano. Em suas mãos, carregava uma bandeja de prata com uma caixa de charutos,
whisky, absinto, vodka e toda a sorte de copos.
-
Essa é Sabrina. Ela será a sua garçonete. Estará eternamente a sua disposição.
Billy
arqueou as sobrancelhas exibindo toda a sua surpresa e deu uma boa examinada na
moça.
-
Para o que eu quiser? – Perguntou.
-
Para o que quiser. – Respondeu o condutor.
Billy
deu de ombros e sorriu. Só esperava que o inferno fosse um ótimo lugar.
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Inspirado
nas canções "Estrada de ferro Thunder Dope", "Todo ódio da
vingança de Jack Bufallo Head", "E tudo vai ficar pior" e "Quanto mais feio" do Matanza, e "I Still Miss Someone" de
Johnny Cash
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