- Pô... Faz tempo que não vens me
visitar, heim?! – E a pessoa abria um sorriso extremamente convidativo e
simpático.
- Desculpe-me, mas é que eu fico
meio sem jeito de aparecer e... – Respondia encabulado.
- Que é isso... Podes vir. Sabes que
estás sempre convidado. As portas estão abertas. – A pessoa não desmanchava o
sorriso.
Sentia, sobretudo, admiração. Era
uma pessoa fantástica. E se emocionava sempre durante esses sonhos.
Porém, o despertar era sempre
frustrante, melancólico... Como uma manhã chuvosa do mês de junho.
Franco levantava da cama e esta
sensação lhe corroia durante o dia inteiro. Por vezes, levava um ou dois dias
para amenizar. Durante os primeiros meses, após a despedida, os sonhos eram
muito frequentes – quase que diários – mas o passar do tempo foi suprimindo a
periodicidade. Três anos depois, a ocorrência era apenas semanal, e hoje
quinzenal.
Apesar de toda a frustração, sentia,
no fundo da alma, que gostava dos sonhos. Não sabia o porquê. Talvez fosse uma
forma de manter contato com um passado distantemente recente. Sentia que não
valia a pena ficar pensando a respeito porque se o fizesse enlouqueceria, e
quando não o fazia, enlouquecia.
Sentia que deveria ir até lá. Que o
estavam chamando. Já era hora de um verdadeiro encerramento. Determinou-se.
Criou coragem. Tomou seu café...
E a vontade passou.
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