quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - Mônica e Alfredo pt.2

Buenas, pessoal... Aqui vai a continuação de um conto que eu to devendo a alguns meses já. Desculpas para quem gostou e estava querendo saber a continuação da história de Mônica e Alfredo. Para os que nem lembram e querem saber, clique aqui.

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    Nosso café chegou e nós falávamos trivialidades. Ele queria porque queria que eu assistisse aquela série “Desperate house-alguma-coisa”, mas eu ainda insistia que não iria fazer isso.
    - Me diz, cara. Eu já estou a ponto de ter um troço aqui! O que tu vais fazer? - Não conseguia entender a excitação nem a curiosidade.
     - Já disse, só lá na F.
    - Mas que merda... - Protestei.
    - Só mais duas mordidas no meu sanduíche e vais saber. - Eu já tinha terminado o meu café.
    Assim, duas mordidas e uma “pagada” de conta depois, estávamos na F. Fomos até o vestiário, pôr os uniformes.
    Há um mistério em relação ao Alfredo. Ele não é assim, descontraído, extrovertido... Feliz... Ele tem 36 anos e nunca foi visto, pelo menos durante os cinco anos que eu conheço ele, com uma mulher. Existem algumas... “teorias”... Em relação a ele. Ouvi caras apostando uma vez sobre isso. Literalmente apostando. E alto! Cem reais. As opções eram: 1) Viúvo; 2) Traumatizadamente divorciado; 3) Virgem; e 4) (acreditem se quiserem) Pedófilo. Apostei na 3, mas não conseguiu-se ainda nenhuma prova de nada disso. Minha teoria: Apenas olhando a pobre alma. Acho que ninguém, hoje, sairía na rua de suspensórios. calça jeans bege, camisa social amarelo-mostarda e os malditos suspensórios marrons. Fora as desgraçadas meias até a metade da canela. Tá certo que, de calça ninguém nota, mas, porra, já vi a criatura de bermudas. Sapatos marrons. Ele provavelmente era loiro ou até mesmo albino – ele é careca -, não sei dizer. Mas, quando deixava o cavanhaque crescer era uma conclusão perfeitamente plausível. Óculos fundo de garrafa. Ele não é um debilóide. Pelo contrário, extremamente inteligente. Infelizmente, as pessoas se ofendem quando descobrem que uma pessoa é mais inteligente que elas.
    Colocamos o uniforme. Calça social preta, sapatos pretos e camisas sociais vermelhas. Sem gravatas. Saímos do vestiário.
    - Me dá uma dica, Alfredo! - Implorei. Ele estacou. Virou-se para mim com uma cara de impaciência. Parecia pensar no que ia dizer. Não foram nem dois segundos, mas pareceu um minuto para a minha ansiedade.
    - Ok! É sobre a Mônica. Deu! Não falo mais nada! - Agora fui eu quem estacou. De verdade. E nem percebi. Estaria Alfredo pegando a princesinha, a musa, a pequena delícia da loja? “A” Mônica? Nah... Não! Claro que não. Imagina! “HAHAHAHAHAHA”, eu pensava. Até deixei escapar uma risada discreta. Segurei.
    Foi então que a bela estagiariazinha chegou no recinto. Suspiro dos marmanjos a volta. Inveja das cobras e serpentes. Ela estava em cima da hora, então, passou correndo por nós, mas não sem... miar... “ois” para todos. Algumas colegas visivelmente sem sexo caçoavam dos meigos “ois”, outras tomavam conta de seus afazeres, e outras apenas faziam cara de nojo.
    Cinco minutos depois, ela saiu do vestiário feminino. Saia social preta, sapatos de salto – pezinho 35 equilibrando dezessete aninhos com um metrinho e 60 deliciosos centímetros – camisa social feminina branca, infelizmente com todos os botões fechados. A camisa lhe caia muito bem.Na verdade, parecia que tinha sido desenhada nas curvas da bela moreninha dos olhos verdes, pois as acentuava. Era possível ver o sutiã, mas não revelava nada de mais. Ela não era uma puta assanhada. Era uma peça comportada. Mas, para nós, marmanjos, podia ser uma droga de um bege broxante, que veríamos um vermelho de rendinha.
    Assim que a menina saiu dos vestiário, marmanjos surgiram de todos os lados. “oi, Mônica!” acompanhado do melhor sorriso que podiam dar; “Oi guriazinha” e tentavam não babar tanto e, “Está linda hoje, heim! (suspiro)” eram frases já rotineiras que bombardeavam aquelas doces e delicadas orelhinhas. Ela retribuiu os cumprimentos e fugiu deles de forma totalmente descarada, mas mesmo assim, delicada e educada. Só ela conseguiria tal façanha.
    Mônica, Alfredo e eu nos dávamos bem. Pode-se dizer que éramos amigos, pelo menos durante as minhas 8 horas, as 6 do Alfredo e as 4 dela. Eu tenho família. Uma mulher e um filho pequeno. Então, não tenho muito tempo de sobre para sair com o pessoal do trabalho – se tivesse, eu acabaria fazendo alguma merda – ou fazer novas amizades.
    Mônica desfilava em nossa direção, causando inveja dos abutres. Inclusive ciúmes.
    - Oi rapazes! - Ela sorriu.
    - E aí, menina? - Respondi.
    - Tudo bom? - Perguntou Alfredo. Que, em seguida, abraçou-a e lhe deu um beijo na bochecha. Por um breve instante o tempo congelou. Alfredo sempre foi ultra tímido. Nunca tocara nela.
    - Tudo. - Ela respondeu, também estranhando e retribuiu o beijo. Senti olhares de incredubilidade vindo em nossa direção. Estranho como os se homens parecem com mulheres as vezes.
    Batemos um papo rápido e logo começamos nossos afazeres. Assim que Mônica foi para a entrada da loja, tentar vender cartões da mesma, olhei para Alfredo:
    - O que deu em ti? Por essa eu não esperava mesmo!
    - Está só começando. - Falou sorrindo. Um sorriso diferente. Se via determinação ali. Algo que, até então, aparentemente jamais tinha se manifestado naquela carcaça ambulante.
    - Ela só tem 17... Pode dar muita merda pra ti... - Adverti.
    - Não te preocupa. Eu sei o que estou fazendo.
    Cara, eu não sei que livro ele leu ou que palestra assistiu, mas, definitivamente, era outro homemm que estava ali, na minha frente.
     Perto do horário do almoço, a menina dirigia-se até o vestiário. Foi então que aconteceu! Alfredo largou o que estava fazendo na hora e voou em direção a jovem. Eu estava atendendo, então, só consegui ver de rabo de olho. Alfredo parou Mônica e falou-lhe algo no ouvido. Ela fez cara séria e cochichou de volta. O cliente perguntou se eu estava com algum problema. Pedi desculpas e... foda-se voltei a espiar os dois. Ele falou-lhe novamente e... Ela se riu toda! Então, falou mais alguma coisa e deu-lhe um delicioso e carinhoso beijo na bochecha. Assim que mônica entrou no vestiário, eu me desculpei mais uma vez com o cliente, e Alfredo mexia em seu celular. Anotava algo lá. O número do telefone dela! O que veio a ser confirmado mais tarde. O tempo pareceu parar enquanto eu processava aquela imagem. Pareceu, porque o cliente estava se movendo perfeitamente e eu quase o perdi.

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