terça-feira, 16 de julho de 2013

"Algo que você não consegue entender" - Álvaro pt. 1 de 2

            - Nossa... Ficou perfeito! – Elogiou Jéssica, morena com vestido negro sensual colado ao corpo.
            - Eu, definitivamente, não teria feito melhor – confessou Paula, loira e com uniforme colegial.
            - Gênio. – Geraldo elogiou, de forma indiferente, como de costume, mas Álvaro sabia mais que ninguém, o quão raro era isso, o que amenizava um pouco a sua ansiedade, nervosismo e culpa. Vestia uma camisa verde escura justa de mangas longas, cachecol cinza e calças jeans também apertadas. Era um tipo bem franzino, cabelo raspado e óculos lilás.
            - Mas foi um erro! Eu não deveria ter feito isso! – Álvaro queixou-se. Vestia uma camiseta preta desbotada e um jeans surrado e rasgado nos joelhos.
            - Definitivamente isso não foi um erro... – Paula falou – Nossa! Estou até excitada. E você, Jéssica?
            - Se eu pudesse, transaria aqui e agora! - respondeu a colegial.
            - Vocês não tem jeito mesmo... – Geraldo falou em tom ainda indiferente.
            - Que merda! Que merda! Porra! Olha o que vocês fizeram eu fazer! – Esbravejava Álvaro.
            - Ué... Como se tivesse sido um de nós quem botou essa arma na tua mão... – Jéssica debochou.
            - É... Vamos, Álvaro... Vamos para casa... Estou precisando de você! – Miou Paula, puxando-o pelo braço indo em direção a saída da pequena loja de conveniências.
            - Que nojo... – Geraldo esboçou a primeira reação desde que chegaram ao local. Tornou a olhar para o corpo estatelado de barriga para cima e braços e pernas abertas, assemelhando-se a uma estrela. Estrela vermelha de sangue, negra como a morte, com alguns miolos na parede ao fundo e um pequeno buraco na testa. – bem no meio dos olhos... – Admirou mais uma vez e medindo com as mãos. Quando as duas mulheres e Álvaro alcançavam a porta, perguntou: - Não está esquecendo de nada não?
            - Puta merda! O dinheiro! – Álvaro correu até a caixa registradora. – Porra! Só tem cinquenta reais aqui! Vocês me fizeram matar esse homem por apenas cinquenta reais! – Esbravejava novamente.
            - Duas mulheres, do nosso calibre – Jéssica apontou para os seus seios e aos de Paula – Estão implorando para que vocês as leve para casa para que possamos foder enlouquecidamente pelo resto da noite, do jeito que você sempre sonhou, e estás preocupado com a morte de um gordo qualquer que tu nunca vistes na vida inteira? Era só o que me faltava...
            - Finalmente decidiu jogar no meu time? – Debochou Geraldo.
            - Vão se foder! – Retrucou Álvaro, mostrando-lhes o dedo médio.
            - E é isso que eu estou pedindo para que você venha me ajudar a fazer! – Paula retornou até Álvaro e novamente o puxou. Com mais ímpeto dessa vez.
            - A polícia pode chegar a qualquer momento... Vamos de uma vez. – Geraldo retornou ao seu tom indiferente.
            - É mais fácil aparecer uma testemunha do que a polícia... – Retrucou Jéssica.
            - A mocréia tem razão, Álvaro. Vamos. – Geraldo comentou. Jéssica não deu ouvidos e, dessa forma, Álvaro, ainda consternado e com adrenalina pulsando em seu sangue, deixou a loja, com as duas mulheres abraçadas em cada um de seus braços e com Geraldo atrás, olhando com ar de reprovação aquele afeto heterossexual.

            Ao chegar no apartamento, as meninas cumpriram sua promessa. Transaram loucamente durante a noite toda em um ménage que deixaria qualquer homem boquiaberto. Daqueles que extrai ao máximo de toda a mente libertina que existe mundo afora. Geraldo ficou do lado de fora do apartamento, degustando um vinho suave que roubara da mercaria assaltada, escutando músicas em seu mp3 player, e privando-se do nojo da relação carnal que acontecia do lado de dentro.

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