- Onde estávamos? – perguntou Frank.
- Ias me falar quem teria interesse
na morte do cara.
- Os donos dos artistas, Jack. As
gravadoras.
- Aahh... Mas continuo sem entender
o motivo de matar... Não tenho nada o que ver com isso, porém apenas não
entendo.
- Você já estudou na escola sobre
aqueles grandes pintores antigos, como Picasso, Da Vinci e companhia, certo?
- Faz tempo...
- Não importa. Tu sabes que a
maioria desses caras viveu num certo ostracismo, certo?
- É...
- E que os quadros deles, quando
eram vivos, não valiam um tostão furado. Os que ficaram famosos ainda vivos
conseguiam vender suas pinturas por uma boa quantia, mas... Sabe o valor da
Monalisa?
- Nem ideia.
- Bem, eu posso te assegurar que não
cabe num cheque, por causa dos zeros.
- Acho que estou começando a
entender.
- Isso mesmo. O fato de matar o
infeliz... No mundo artístico não funciona do mesmo jeito que no nosso – fez um
gesto com os dedos indicando aspas – mundo. O Jack morre, e não temos mais o
nosso melhor profissional. Ficaríamos desfalcados. Agora no Showbusiness...
Ninguém vai substituir o polaco e é isso que eles querem mesmo. Já imaginou o
que eles não vão ganhar com álbuns póstumos, as famosas faixas perdidas do
álbum tal, coletâneas, camisetas, filmes, livros...
- Mas a lei não dá direito dos
lucros para a família dele e etc?
- Como que tu achas que eu consegui
a chave da casa dele?
- Tá me dizendo que a mulher dele...
- É isso aí... Pelo que eu soube,
eles dividiram a grana e, com certeza, isso vai dar merda mais pra frente,
entretanto, como eu te disse anteriormente, não nos interessa. Fomos
contratados para executar. O problema é deles se der errado.
- Nunca cogitou que, na hora do
aperto, caso uma coisa dessas viesse à tona, eles mandassem fogo pra cima da
companhia? – Frank deu uma risada.
- Jack... Jack... Eles não seriam
loucos... Sempre tem alguém querendo ganhar alguma coisa em cima de alguém... E
se eles se fresquearem um dia... Nós conhecemos caras como você que aceitariam
fazer um belo serviço. E eles sabem disso.
- E se alguém se recusar? – Frank
parou e abriu um sorriso malicioso para o assassino.
- Nós sabemos onde vocês moram.
Jack tentou esconder com um sorriso
amarelo que a sutil ameaça havia surtido efeito. Por sorte a garçonete chegou
trazendo seus pedidos. Ambos comeram em silêncio. Frank fumou mais um cigarro,
então entregou um pacote para o algoz, uma nota de vinte dólares para o café
mais a gorjeta para a garçonete/fã abalada pela morte do ídolo, como um alento
ao sofrimento da pobre menina, depois, levantou e saiu. Jack pegou o jornal e
começou a ler.
Queria ter podido estourar os miolos
do gordo presunçoso, mas estava satisfeito. O dinheiro daria para passar o ano
sem se preocupar muito. Olhou os classificados, procurando se tinha algum
emprego interessante. Não achou nada.
Levantou e foi embora.
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